Almas e o magistério temporário
Perplexidade! É a palavra que define a atitude do prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas, diante do magistério municipal, que conta com 2.800 contratados! No frenesi de se economizarem R$ 3 a R$ 4 milhões dos cofres públicos do município, basta desligar essas pessoas e o problema está resolvido, porque essas famílias que se danem!
Infelizmente, esse fato demonstra a total ausência de espírito de solidariedade e compreensão diante de uma pandemia que tantos males tem trazido para a sociedade civil como um todo, exceto para aqueles que consideram a Covid-19 um resfriadinho ou uma gripezinha. Insensatez!
Professores, coordenadores pedagógicos e secretários escolares da rede municipal de ensino que se virem, porque o secretário de educação e o gestor do município consideram que vocês não têm famílias, não almoçam, não jantam, não pagam aluguel e não fazem uso de medicamentos. A solução é simples: vão todos vocês e suas famílias para debaixo das pontes da nossa cidade, ou então, levem barracas para o Parque Halfeld e o Calçadão dessa via, porque todos ficarão sem ter como pagar os seus aluguéis. É uma ironia assim escrever, porque a notícia da Tribuna de Minas retrata o total descrédito do prefeito para com a sua população, mesmo que venha afligir uma pequena parcela porque todos eles merecem a nossa consideração!
A Prefeitura de Juiz de Fora não prima pelo princípio da solidariedade. Precisamos construir uma sociedade justa para todos, baseada na igualdade de direitos para que consigamos desenvolver um ambiente digno para todos os atores inseridos em nosso contexto social. É certo que não podemos confundir solidariedade com caridade ou filantropia, mas o município precisa repensar o seu papel como provedor de qualidade de vida e de sustentação da dignidade dos seus munícipes: uma nova maneira de pensar e de se relacionar da Prefeitura com a sociedade.
Terra e Pellegrini (2013) nos traz esta reflexão, dizendo que “[…] a solidariedade, princípio firmado pela dogmática jurídica no século XX, apresenta-se, na atualidade, com uma missão difícil, que passa por solidificar a democracia, humanizar as relações, conduzir o indivíduo à reflexão e concretizar a dignidade da pessoa”.
Base principiológica da dignidade humana. Dignidade do ser humano. Políticas públicas. Inclusão social. Pensar coletivo. Aos gestores que pensam mesmo em desprezar os 2.800 contratados, procurem no dicionário essas palavras, que não fazem parte dos seus dicionários!
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