Do cisma à reconciliação!


Por Tribuna

01/07/2017 às 07h00

Quando, há 500 anos, o monge germânico Martinho Lutero publicou suas “95 teses”, com severas críticas à Igreja Católica da época, certamente não imaginava que causaria um cisma na cristandade, levaria a Europa a grandes conflitos e o mundo entraria de vez na Idade Moderna.

O agostiniano não pretendia a secessão, e sim questionar certas práticas e certos ensinamentos da Igreja Católica, de forma a incitar uma “batalha espiritual”, mas, da divergência ao anátema, o processo foi rápido e causou muitos danos… Mas também avanços.

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Apesar da ruptura não apenas em termos espirituais, mas também na mentalidade, na política e na economia, o cisma entre protestantes e católicos tem deixado, ao longo dos anos, seu caráter fratricida para dar lugar a experiências de diálogo. O ódio tem dado lugar à aceitação e mesmo à amizade.

O processo histórico contemporâneo de aproximação inicia-se, em 1910, com o encontro de sociedades missionárias protestantes na Escócia, em que exprimiram o desejo de ir “ao coração do que nos une”. Já a Igreja Católica entrou no movimento ecumênico na ocasião do Concílio Vaticano II, em que registra seu engajamento com o decreto – Unitatis Redintegratio – de 1964.

Em 1999, um grande acordo é assinado, pela Igreja Católica e pela Federação Luterana Mundial (LWF), versando sobre a justificação pela fé, uma das causas da divisão. Além desses marcos, inumeráveis encontros para se conhecer, orar e agir juntos vêm ocorrendo…

No Brasil, desde 1982, atua o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, com a missão de fortalecer o ecumenismo, fomentar o diálogo e promover a justiça e a paz! E a CNBB conta com uma Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso.

Desde seu primeiro pronunciamento, em 13 de março de 2013, o Papa Francisco ressaltou o caminho da Igreja como um caminho de “fraternidade”. E não ficou só no discurso. Entre tantos gestos concretos, no início de 2016, o Pontífice se encontrou com o patriarca ortodoxo russo Kirill; eles defenderam o restabelecimento da unidade do Cristianismo, fraturado pelo cisma milenar, e pediram a proteção de todos os cristãos perseguidos no Oriente Médio.

Em outubro passado, o Pontífice e o presidente da LWF assinaram na Suécia uma Declaração Comum, por ocasião da comemoração católico-luterana dos 500 anos da Reforma protestante, do que resultou o tema da Semana de Oração pela Unidade Cristã de 2017: “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos move!”.

“Muitas controvérsias entre os cristãos, herdadas do passado, podem ser superadas, colocando de lado qualquer atitude polêmica ou apologética e procurando juntos compreender profundamente o que nos une, (…) guiados pelo Espírito Santo, que harmoniza as diversidades e supera os conflitos”, disse o Papa Francisco.

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Neste tempo em que tanto se falam em “reformas”, mas, no sentido político e dos direitos sociais, todos os cristãos e as pessoas de boa vontade são convocados a se mobilizarem a fim de buscar o melhor para o povo, principalmente os mais fragilizados, a quem Cristo tanto amou!

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