Olhar no futuro
A cidade, no dia de seu aniversário, vive a crise da pandemia, mas dá espaço para discussões outras, voltadas para o que vem pela frente
Em 1975, quando o então prefeito Saulo Pinto Moreira inaugurou o Calçadão da Rua Halfeld, um jingle veiculado nas emissoras de rádio marcava o evento. O mote era “há mais amor, muito mais cor, neste pedaço de chão… Juiz de Fora, eu gosto de você”. Neste domingo, quando a cidade comemora 170 anos de emancipação, a paixão é a mesma, mas o perfil mudou. A princesa de Minas tornou-se uma metrópole regional e vive, como os demais municípios, dificuldades econômicas, resultado da disparidade na distribuição de recursos, hoje concentrados nos caixas da União. O momento é mais grave pela pandemia do coronavírus, que coloca em xeque a saúde pública, forçada a ações extremas para impedir a propagação do vírus.
Mas como é dia de aniversário, é possível dar uma pausa ao medo e buscar temas que apontem para o futuro. Como polo regional, Juiz de Fora precisa ampliar sua liderança, induzindo o crescimento de seu entorno. Hoje, como é possível ver na crise da Covid-19, as demandas são acolhidas pelo município-sede, ora sob o dilema de abrir ou não as suas atividades econômicas, mas impedido, em parte, pelos números da vizinhança. Um entorno economicamente estável refreia esse fluxo e garante um crescimento sustentável da região. A Zona da Mata é uma das mais carentes do estado e ainda enfrenta a concorrência do vizinho Rio de Janeiro.
Nesta edição, a Tribuna mostra ações positivas de personagens que estão voltados para o amanhã, indicando que é possível ir adiante. Também hoje, o jornal faz uma projeção das candidaturas que estarão no palco político na disputa pela Prefeitura, embora não haja confirmação da data do pleito. Nem todos serão confirmados em convenções, e outros podem surgir, mas já é possível apontar para um recorde de postulantes, fruto, em parte, da mudança nas regras eleitorais. Sem as coligações proporcionais, isto é, para a Câmara, há o entendimento de que o lançamento de candidaturas majoritárias reforça a legenda.
Seja qual for a motivação, é fundamental que, a partir de agora, tais personagens ampliem a discussão, apresentando suas propostas de gestão. A crítica pela crítica já não atrai mais o eleitor, que quer saber, de fato, o que estará em jogo em torno de seu futuro. Os desafios são muitos, e superá-los deve ser a motivação de tais personagens, mas é preciso dizer como, e não apenas apontá-los, como é comum nos embates. Desta forma, o eleitor se sente mais confortável em se posicionar.
Aos 170 anos, a cidade merece tal comprometimento.