Áreas de risco

Taxa para enfrentar áreas degradadas é importante, mas o passivo da cidade implicará a busca de recursos também nas áreas estadual e federal


Por Tribuna

29/10/2021 às 07h00

A aprovação pela Câmara de uma taxa para cobrir parte dos custos de drenagem valerá a pena diante dos resultados que implicará após sua implementação. O brasileiro reage mal a qualquer sorte de tributo não por ser um inadimplente convicto, mas por conta do histórico de não retorno que permeia a história nacional. Desde a derrama, que tirava o ouro de Minas para Portugal, sem qualquer retorno para a população, aos tempos recentes, nos quais há uma excessiva carga tributária, a situação é a mesma. O Estado – e aí vale para todas as instâncias – é extremamente penalizador, mas os resultados são abaixo de todas as expectativas, bastando acompanhar os dilemas diários nas áreas de saúde e educação. No chamado primeiro mundo também há uma forte carga tributária, mas é possível detectar os resultados com ensino de qualidade e atendimento público na área de saúde. É fato que o país, com o SUS, é um exemplo de competência, mas o sistema também carece de novos investimentos e boa gestão

Juiz de Fora, por sua própria localização geográfica, tem vários pontos de alagamento que se tornam críticos na estação das águas. Muitos deles são velhos conhecidos da população e do Poder Público, mas sua contenção continua sendo um desafio. O Bairro Industrial é o ponto mais emblemático, por estar abaixo do nível do Rio Paraibuna. Como consequência, sazonalmente, os moradores passam pelo dissabor do refluxo das águas. Trata-se, é fato, de uma situação desafiadora não apenas pela falta de investimentos, mas também pela demora em ser atacada. O adensamento na região implica, necessariamente, mais recursos para o enfrentamento do problema.

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Pelo projeto, a Prefeitura também se habilita a receber investimentos das instâncias federal e estadual, o que é um avanço, já que, a despeito da nova taxa, o volume arrecadado é insuficiente para os projetos que devem ser executados. A drenagem, por si só, é uma ação de alto custo, ainda mais numa cidade em que boa parte de seus rios está sob o asfalto. Para simples exercício, entre o Bairro Manoel Honório até o Alto dos Passos não se vê qualquer curso de água, salvo o Paraibuna, que acolhe a demanda de seus afluentes. E não são poucos, muitos deles degradados, e outros cuja situação é desconhecida, como é o caso do Córrego Independência, coberto em todo o seu curso.

Ele, porém, não é o único. Os demais enfrentam gargalos que acarretam alagamentos constantes diante de temporais. A Prefeitura, certamente, já tem mapeados os pontos mais críticos, cabendo, então, a avaliação de prioridades, embora quase todos os pontos carentes de drenagem precisem de ações imediatas, mas é preciso começar.

O próprio Rio Paraibuna exige atenção ante o assoreamento de seu leito e invasão do mato em suas margens. Por mais de uma vez, aqui mesmo neste espaço, a Tribuna já apontou – e também em matérias especiais – a situação do principal lençol da cidade. Além de precisar de intervenções, ele ainda é alvo permanente da ação humana, com o descarte irregular de lixo. Demandas, pois, não faltam.

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