Segunda onda
Investir na prevenção é a melhor alternativa para evitar o que ora ocorre na Europa, com governos decretando novas e duras medidas de isolamento para evitar novas mortes
A Europa, de acordo com constatação da Organização Mundial de Saúde (OMS), voltou a ser um dos epicentros da Covid-19 em razão dos próprios números. Dos 445 mil casos confirmados em 24 horas pela agência, na segunda-feira, metade estava no continente. “Os próximos meses vão ser muito difíceis, e alguns países estão em um caminho perigoso”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Na França, o presidente Emmanuel Macron decretou lockdown em todo o país, por entender ser a única forma de conter a segunda onda da pandemia, que se acentua com a chegada do inverno. A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, deve fazer o mesmo, embora parcialmente.
Como já foi discutido neste mesmo espaço, o Brasil ainda está na primeira etapa e tem números graves. De acordo com o mais recente levantamento do consórcio de veículos de comunicação – G1, Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo e UOL -, cerca de 158 mil pessoas morreram, fazendo do país o segundo em todo o mundo em que o coronavírus mais mata.
Esses dados são relevantes para a discussão do próximo passo. O país está com números em queda, mas isso não significa o fim da pandemia. A Europa, depois do período crítico do primeiro semestre do ano, registrou um ciclo positivo e retomou sua normalidade, como se nada tivesse acontecido. No verão, a mobilidade urbana se acentuou, especialmente em direção aos balneários. E, nestes, o uso da máscara foi plenamente ignorado, a despeito de se tratar do chamado primeiro mundo. A regressão é fruto dessa leniência, que não pode ser imputada única e exclusivamente à população. As próprias autoridades sanitárias ignoraram a possibilidade de um novo surto que ora se consolida.
Diante desse cenário, é necessário considerar que prevenir é melhor do que remediar. As flexibilizações devem continuar, mas o cuidado tem que ser uma máxima de longo prazo, até mesmo no ciclo de vacinação. A imunização em massa ainda é um projeto distante, pois ainda será necessário avaliar a eficiência das vacinas. Os resultados são positivos e causam otimismo, mas ainda não se sabe quando e como a população será atendida. Até lá, todo cuidado é pouco.