Temporada de caça ao voto
Políticos colocam Juiz de Fora na sua agenda, mas, ao visitá-la, devem trazer propostas consistentes, capazes de atender às expectativas da cidade e da região
Com um colégio eleitoral em torno de 500 mil inscritos, Juiz de Fora entra na agenda dos candidatos que já abriram a temporada de caça ao voto. Na semana que vem, salvo mudanças, o senador Carlos Viana deve visitar as bases e, certamente, apresentar seu projeto de candidato ao Governo de Minas. O governador Romeu Zema já passou por aqui, mas deve retornar. Reconheça-se, mesmo fora do período de campanha, foi um dos governadores com maior número de visitas a Juiz de Fora. Seu opositor Alexandre Kalil já falou aos juiz-foranos por meio de entrevistas, mas ainda não se apresentou pessoalmente ao eleitor para pedir apoio.
Essa rotina vai continuar até outubro, uma vez que, a despeito das redes sociais, que encurtaram distâncias e facilitaram os contatos, visitar redutos estratégicos é fundamental, pois nem sempre, pela via virtual, se obtém resultado mais adequado. No olho no olho – antigo jargão da política -, ainda é possível visualizar se a adesão será efetiva ou não. Pelos meios digitais, dizer sim ou não é um ato automático.
Todos são bem-vindos, mas os fóruns de recepção devem elaborar suas demandas para que a visita tenha resultados efetivos. Propostas não faltam, pois a Zona da Mata continua com um passivo de projetos que ainda não foram retirados do papel. Ademais, a conversa deve buscar resultados práticos. Os candidatos devem assegurar que suas promessas sairão do papel; para tanto, devem indicar como isso vai acontecer, pois promessa por promessa não resolve.
Os juiz-foranos têm escutado, há pelo menos dez anos, propostas de conclusão do Hospital Regional – para ficar só nesse exemplo -, mas as obras não foram retomadas. Por meio de um termo de dação, o Município oficializou a transferência do terreno para o Estado, restando, agora, a assinatura da ordem de serviço. No documento deve estar explícito, sobretudo, o prazo de conclusão, porque não faz mais sentido o efeito sanfona do projeto: começa, para e não termina.
Ainda é possível discutir, também, mesmo mantendo a agenda em torno do hospital, a sua gestão. Não basta a obra física, pois esta, embora atrasada, é a menor das preocupações. Hospitais de tal monta demandam investimentos intensivos, o que quer dizer permanentes, e não são baixos. É fundamental dizer como essa questão será resolvida, se pela via pública ou privada, a fim de estabelecer com a população um pacto definitivo de implantação do hospital.
A cidade já vive uma situação instável em torno do Hospital João Penido, de responsabilidade, também do Estado, que há quase dez anos fechou seu atendimento de porta. Além de não se ver uma solução de curto prazo, o edital para sua administração foi cancelado, e não há sinais de novo certame.