Tribunal atento
As fake news provocam danos irreversíveis não só no período de campanha, mas a todo momento; o TSE, justificadamente, acompanha o trânsito de notícias no atual ciclo
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), preocupado com o trânsito das redes sociais, especialmente em véspera de eleições, está lançando o Sistema de Alerta de Desinformação para receber denúncias relativas às eleições de outubro. Como destaca matéria da estagiária Elisabetta Mazocoli, sob supervisão da editora Fabíola Costa, nesta edição, a ferramenta tem como meta combater com agilidade as fake news sobre as eleições ou sobre o sistema eletrônico de votação, que podem causar danos à própria democracia.
Ainda de acordo com a matéria, “as denúncias são feitas no site do TSE, na aba ‘Sistema de Alerta’. Os casos são repassados às plataformas digitais e às agências de checagem parceiras do TSE. No momento, já há acordos de cooperação com Google Brasil, YouTube, Facebook, Instagram, WhatsApp, Telegram, Kwai, TikTok, LinkedIn, Twitter e Spotify. Dependendo da gravidade do relato, é possível que o caso seja encaminhado para Ministério Público Eleitoral e demais autoridades”.
Como a Tribuna já vem destacando há tempos, as fake news não são ações ingênuas, como simples especulações. São informações falsas com fins claros, sobretudo para desconstruir biografias, instituições ou para proveito de terceiros. Nesta mesma edição, é destacado um caso específico. A Faculdade Machado Sobrinho foi às próprias redes sociais para desmentir informações que transitaram no mundo digital anunciando o encerramento de suas atividades. O dano já está feito, mas é necessário não só o desmentido para responsabilizar quem fez a nota inicial.
Em campanhas eleitorais, há também disseminações com objetivos claros, cujos danos são imediatos ou no médio prazo, como no caso da campanha, cuja repercussão principal se explicita nas urnas. Por isso, as publicações devem ser avaliadas pelos usuários sob o viés cartesiano, isto é, sob o signo da dúvida até que se prove a sua veracidade. O TSE, ao implantar tal ferramenta, cria caminhos para desmascarar a informação improcedente, o que é louvável e necessário.
Os meios de comunicação têm papel assertivo nesse projeto, pois têm como meta precípua apurar os fatos em toda a sua dimensão, dando margem para o contraditório, o que é incomum nas redes sociais. A apuração é o que diferencia o papel da mídia na busca permanente da informação correta das publicações que expõem fatos sem preocupação com os possíveis danos.