Áreas controladas

Moradores são controlados por donos do território, que definem quem fica ou quem sai dos condomínios do Minha Casa, Minha Vida


Por Tribuna

28/07/2017 às 07h23

Quando concebeu o programa Minha Casa, Minha Vida, o Governo acertou no objetivo, mas cometeu equívocos na fórmula para sua implementação. De fato, o programa tem um forte viés social no combate ao extremo déficit habitacional do país, mas a concepção errou ao estabelecer, na primeira etapa, condomínios imensos, com quase mil famílias sem qualquer identificação. O resultado foi problemático, pois famílias das mais diversas origens e procedência se viram no mesmo espaço, provocando, imediatamente, um choque de identidade. Ademais, os primeiros projetos pecavam pela ausência de propostas de apoio a essas mesmas comunidades, como áreas de lazer, escola e serviços, e até mesmo igrejas.

Muitas correções foram feitas, os condomínios, reduzidos, mas surgiu um outro inconveniente, como a Tribuna mostra nesta edição: o controle de território. Várias famílias são expulsas de seus apartamentos por traficantes, que lá instalam pontos ou famílias de seu interesse. Há casos em que a polícia é chamada para algum tipo de reintegração, que se torna ineficaz tão logo os militares deixam a região. Mas não basta apenas a ação policial na repressão desses donos do território, pois há por trás outros componentes.

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De acordo com relatos, inclusive de agentes do Estado, muitos desses controladores já foram presos por mais de uma vez, mas voltam ao local por conta de decisões judiciais ou por inconsistência nos boletins de ocorrências e, por consequência, dos inquéritos. Essa cadeia de acontecimentos tem sido a pedra de toque nessa questão, pois, enquanto houver personagens que definem a sorte dos moradores sem que esses possam esboçar algum tipo de reação, não haverá mudanças, e objetivo do projeto estará comprometido.

 

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