Jogo duro
Ações de enfrentamento à Covid-19 exigem sacrifícios e participação coletiva, caso contrário, serão insuficientes, comprometendo ainda mais a saúde e a economia
As recentes decisões do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid, com o endurecimento das regras de isolamento e ações sistemáticas para coibir aglomerações, são decisivas para reduzir a curva de contaminação em Juiz de Fora. A despeito da justificada reação de alguns segmentos, o jogo duro já era para ter sido adotado há mais tempo. E não apenas na cidade, mas em todo o país, por ser a única forma de mudar o perfil de contaminação. O Brasil continua no topo da lista e os números diários são preocupantes. Embora não haja tempo para lamentar, pois já é passado, se as regras tivessem sido implantadas mais cedo, o cenário seria outro e a flexibilização já poderia estar em curso mais acelerado.
A Europa foi um caso emblemático: países que negligenciaram a pandemia, como Itália, Reino Unido e Espanha, foram os mais afetados. O prefeito de Milão, no norte da Itália, chegou a ironizar os números. Depois, desculpou-se, pois a Lombardia foi a região mais afetada em seu país. Nas Américas, tanto o Brasil quanto os EUA, a despeito do que tinha ocorrido do outro lado do Atlântico, só deram conta da extensão do problema quando ele já estava instalado.
As medidas ora tomadas vão atrás dos acontecimentos, embora todos soubessem que prevenir é sempre melhor do que remediar. A justificável demanda do setor econômico poderia, agora, estar numa etapa mais avançada se as medidas de contenção tivessem sido executadas no tempo certo.
No caso local, os dois pontos cruciantes passam pelas aglomerações voluntárias, nas quais as pessoas se juntam sem necessidade, como foi verificado no Mirante da BR-040, e a demanda regional, que transfere doentes para Juiz de Fora. Nesse caso, porém, não há o que fazer, pois o município é polo de uma região e tem acordos formais para acolhimento desses pacientes. A maioria das cidades vizinhas não tem meios e nem estrutura para fazer o atendimento.
A situação se agrava quando se leva em conta o aspecto de equipes. Não bastam equipamentos se o número de profissionais for insuficiente. A despeito da procura, a contratação de agentes de saúde – médicos, enfermeiros e outros – tem sido um problema por conta das próprias circunstâncias. Não há disponibilidade.
O desafio à frente é achatar a curva de contaminação, cujo pico, de acordo com autoridades sanitárias, deve ocorrer até a primeira quinzena de julho. Até lá, todos têm que fazer o seu papel para que tal etapa seja superada com sucesso e no curto prazo.