Começou a campanha
As pesquisas eleitorais, que, daqui por diante, devem indicar o comportamento do eleitor, aceleram as ações dos pré-candidatos
Os partidos ainda não definiram suas estratégias e muito menos os nomes que vão respaldar nas eleições de 2022, mas a divulgação de pesquisas eleitorais pela via formal, isto é, registradas na Justiça Eleitoral, coloca o processo nas ruas. É fato que, por enquanto, os números envolvem apenas o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula, em decorrência não só da polarização, mas também pela indefinição das demais instâncias. Os partidos do Centro ainda não sabem em qual palanque estarão ou se terão um nome próprio para apresentar ao eleitor.
Pesquisas são momento e registram o que ora ocorre no país, repercutindo não apenas os eventos políticos de Brasília, a começar pela Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado Federal, mas também o estágio da pandemia, com seus mais de 500 mil mortos. Os números do Ipec, antigo Ibope, divulgados na última sexta-feira, mostram uma vantagem do ex-presidente, sobretudo por estar longe dos desgastes próprios da gestão. Por outro lado, o presidente, com suas ações e reações, paga o preço apresentado pelos números. Como mudar depende não só dele, mas também de seus estrategistas na reformatação do antipetismo.
Nesse cenário polarizado, as candidaturas de centro teriam relevância, mas ainda não surgiu um nome capaz de mudar a dicotomia do nós contra eles. O ex-ministro Ciro Gomes, a despeito de amenizar o tom, age mais como atirador – de preferência contra o ex-presidente Lula – do que como um conciliador, capaz de atrair votos tanto da direita quanto da esquerda. Os tucanos, que, durante anos, imbolizaram o meio, ainda vivem o dilema da escolha. Só em novembro, através de uma prévia, vão apontar seu candidato numa lista que, hoje, tem como interessados os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do senador Tasso Jereissati e do ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.
Em princípio, Doria sai na frente, pois comanda a maior instância tucana do país e tem mais visibilidade nacional por conta de suas ações em torno da vacina, mas tem problemas internos a serem resolvidos. Há tucanos que rejeitam seu estilo centralizador e outros que seguem as orientações do deputado Aécio Neves, um inimigo formal do governador. E Aécio, embora defenestrado pela opinião pública, continua sendo um dos caciques do PSDB.
O jogo ainda não começou a ser jogado em sua plenitude, mas não há como negar que a campanha já começou não só para a disputa presidencial, mas também nos estados. A adoção da reeleição mudou o modelo de campanha. Hoje, o governante eleito já começa, no dia da posse, a trabalhar pelo segundo mandato.