Medo nas ruas

O debate sobre a segurança pública refluiu, e as ações que chegaram a ser implementadas já não têm a mesma ênfase nas estruturas de poder


Por Tribuna

26/11/2017 às 07h00

Os dados estatísticos apontam redução no número de homicídios, mas o medo nas ruas permanece por conta de outros delitos, a começar pelos crimes contra o patrimônio. O número de roubos e furtos não cai, e o modo de operação dos autores não se restringe mais ao constrangimento, passando também pela agressão. Juiz de Fora, de fato, não ostenta números de outras metrópoles, mas a curva da violência permanece em ascensão, a despeito de todos os esforços dos órgãos de segurança, sobretudo por não depender só deles.

A crise na segurança pública é sistêmica, passando por várias frentes, entra elas a falta de investimentos e infraestrutura nas chamadas zonas quentes. A população carece de serviços e de lazer, e a educação tem sido afrontada pelo próprio crime organizado, que ronda o entorno das escolas, especialmente, para a venda de drogas. Os próprios públicos são frequentemente invadidos, ora por ladrões, ora por vândalos, que não medem as consequências e prejudicam a comunidade com suas ações.

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Com o desemprego ainda em alta e num cenário em que não se vê a luz no fim do túnel, criam-se as condições para a insegurança. Os presídios estão superlotados, e, mesmo assim, as ocorrências continuam crescendo, numa clara indicação de que há pontos a serem fechados.

Ademais, a própria legislação continua sendo fator de incerteza, uma vez que não há um plano nacional de segurança. Os diversos simpósios sobre o tema chegam a conclusões que ficam no papel. Os próprios agentes advertem que nessa condição não há meios de trabalhar. Uma queixa comum é a reincidência e a fragilidade da questão processual. Personagens presos, até em flagrante, ficam pouco tempo na cadeia. Há relatos de policiais indicando já terem prendido a mesma pessoa por diversas vezes.

Há saídas, mas a política, a quem cabe acionar a máquina da solução, também vive sua encruzilhada, com alguns notáveis atrás das grades. Se por um lado é um bom sinal, indicando que já não há mais distinções, aponta, também, para a proteção que tais agentes tentam se dar buscando uma legislação própria para se defender.

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