Regras próprias

Prefeitura deixa programa do Governo de Minas, mas não deve reduzir ações de combate à pandemia, sobretudo aglomerações, matriz da contaminação pelo país afora


Por Tribuna

26/01/2021 às 06h59

O Minas Consciente – programa elaborado pelo Governo do Estado para padronizar medidas de combate à pandemia -, a despeito de sua eficiência, sobretudo ao estabelecer ações regionais, nunca foi uma unanimidade. Além de Belo Horizonte, a capital, a maioria das grandes cidades mineiras não aderiu. Juiz de Fora era uma das exceções. Na última sexta-feira, Governador Valadares, com cerca de 300 mil habitantes e um expressivo número de mortes e contaminações, se desligou do projeto.

A decisão da prefeita Margarida Salomão, tomada após discussões internas, é um pleito não apenas do setor empresarial, mas também da Câmara, que representa a população. No entendimento desses segmentos, o programa padronizava o que era desigual, criando distorções na sua implementação. A dúvida, agora, é saber se os municípios da Zona da Mata, que fazem parte da microrregião, seguirão o mesmo caminho.
O próprio Estado já reconhecia que era preciso revisar o projeto, o que, aliás, está acontecendo e deve ser concluído esta semana. Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Eduardo Amaral, admitiu que a terceira etapa, embora mantivesse as mesmas características da atual, com as ondas verde, amarela e vermelha, e com duras restrições para combater o coronavírus, deve flexibilizar alguns setores, como o comércio, que teriam o direito de funcionar, mesmo na fase mais crítica.

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Juiz de Fora, mesmo fora do Minas Consciente, deve manter as restrições, como uso de máscara, não aglomeração e outras ações sanitárias, mas provavelmente vai mudar os bloqueios. Lideranças do comércio, de bares e restaurantes e até de bancas de jornais, há algum tempo, batem na tecla de que não são os responsáveis pelas aglomerações que levam à elevação da contaminação. Ao contrário, atuam tomando todos os cuidados, o que não ocorre em festas e outros eventos particulares nos quais a população se encontra mesmo diante dos riscos.

Mesmo com números graves, de mais de 215 mil mortos e milhões de infectados, o país ainda assiste a cenas em que as regras são outras, especialmente nas praias e até mesmo em eventos públicos, como o Enem totalmente fora de época. Nas redes sociais, a situação também é preocupante, pois ainda há detratores da vacina, embora seja a forma mais segura de vencer o vírus.

No noticiário dessa segunda-feira, dois fatos chamaram a atenção: o primeiro, em Vitória, no Espírito Santo, foi da enfermeira, agora investigada, que tomou a primeira dose da vacina Coronavac apenas – como ela disse – para viajar, já que não acredita na sua eficácia. Ela ainda burlou regras ao fazer a postagem dentro do hospital e sem máscara.

O segundo envolveu o secretário de Saúde de Nova Lima (MG), que abriu licitação de compra de um lote de cloroquina, apesar de saber de sua ineficácia na prevenção da Covid-19. Foi demitido, e a licitação, cancelada. Se tivesse bom senso, não chegaria a esse estágio.

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