Longe das ruas

Reforma política deve ficar apenas em pontos periféricos, jogando para depois as questões relevantes hoje questionadas pela opinião pública


Por Tribuna

25/08/2017 às 06h00

A Câmara dos Deputados desistiu de fixar o tamanho do fundo partidário, antes de R$ 3,6 bilhões, e passou a bola para a Comissão de Orçamento. Em suma, não desistiu da ideia, mas passou para uma comissão a definição do valor. O entendimento é de que longe do plenário o tema terá menos holofotes e, por consequência, poderá ser aprovado. Essa lógica faz sentido e prova que os parlamentares, a despeito de tanta pressão, não desistem de suas propostas para garantir uma robusta campanha nas eleições de 2018.

Da mesma forma agem em torno da cláusula de barreira. Se antes ela era uma questão fechada entre as chamadas grandes legendas, uma emenda da deputada Shéridan (PSDB-RR) cria um mecanismo meia boca, que deverá ser adotado gradativamente até 2030. Prevê, ainda, a criação de federações, isto é, os partidos podem se coligar, mas terão que manter a relação durante todo o mandato, e não apenas durante o período de campanha. Definiu, ainda, que essa relação não precisa ser a mesma nos estados e municípios. Continua tudo como antes, mudando, de fato, apenas o nome.

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Ainda não se sabe o futuro do distritão, cuja votação ficou para a semana que vem ante o risco de não passar pelo plenário. Os deputados entendem que faltará quórum para matéria tão relevante, que, na verdade, é uma garantia de volta para a maioria dos deputados, muitos deles ameaçados pelos escândalos levantados pela operação Lava Jato.

A comissão especial que passou pelo menos um ano discutindo uma saída para o país perdeu sua referência, pois não conseguiu fazer a mudança que se espera. E não há surpresa nisso. O interesse dos políticos não bate com o das ruas, daí a máxima da farinha pouca, meu pirão primeiro. Ninguém deve se surpreender quando a parte interessada fica responsável pela mudança.

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