O velho e bom jornal
No meio do intenso tráfego de informações, veículos de comunicação são os mais confiáveis, e o jornal impresso mantém a tradição de ser um dos curadores da notícia
Em meio ao universo de notícias sobre a pandemia que assola o mundo, o Instituto Datafolha quis saber a opinião da população sobre o grau de confiabilidade sobre o que tem sido divulgado. A imprensa profissional, por meio de suas plataformas, tendo à frente a televisão e o jornal, foi a mais bem avaliada, enquanto as redes sociais e os aplicativos de mensagens foram considerados pouco confiáveis. De acordo com o levantamento, publicado nessa terça-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo”, programas jornalísticos da TV (61%) e jornais impressos (56%) lideram no índice de confiança sobre o tema, seguidos ainda por programas jornalísticos de rádio (50%) e sites de notícias (38%).
Os números são reveladores: na hora de se buscar informações corretas, a população sabe a quem recorrer a despeito do incontável número de postagens que percorre o infinito espaço da rede mundial. O velho e bom jornal impresso, sobretudo, mostra fôlego nas horas críticas, confirmando a sua vocação de espaço de discussão e de informação com credibilidade. O avanço digital só tem crédito quando ele passa pelos meios formais de informação, como os próprios números. Dessa forma, também têm prestígio os sites de veículos profissionais de comunicação.
Desde os primeiros dias da pandemia, a Tribuna tem registrado esse crescimento. O impresso tem sido ponto balizador de discussões, dando espaço para vários pontos de vistas e formalizando, diante das instâncias públicas, as preocupações da população e dos setores produtivos. É o seu papel, dando margem, sempre, ao contraditório. Falar em morte do impresso tornou-se uma falácia, pois é quando “o bicho pega” é ele quem se transforma em referência da informação.
O mesmo raciocínio vale para os sites de comunicação e as emissoras de rádio. No Grupo Solar, a audiência do portal triplicou, levando à tomada de decisões em tempo real para atender à expressiva demanda. No rádio, especialistas ocupam toda a grade com programação discutindo a extensão do vírus, analisando cenários e apontando caminhos.
A pesquisa mostrou a baixa credibilidade das redes sociais – a despeito de sua importância – por conta do trânsito fácil de informações sem as mínimas regras de apuração e, sobretudo, de fake news. Há sempre os que tentam se aproveitar da desinformação para benefício próprio ou de grupos. Esse tipo de ação não prospera nos veículos formais de comunicação por causa dos critérios de apuração.
O papel da mídia é informar, contextualizar e cobrar medidas das instâncias de poder. Num momento crítico como esse, defender a vida é uma prioridade incontestável, mas há espaço, também, para exigir medidas para o futuro, que, da mesma forma, não podem ser adiadas.