Por trás dos números

Número de eleitores indecisos aponta que ainda há pontos a serem conquistados, mas candidatos precisam colaborar com eleitor, apresentando propostas consistentes


Por Eduardo Valente

23/08/2018 às 07h35- Atualizada 23/08/2018 às 07h47

As recentes pesquisas eleitorais, como Ibope e Datafolha, divulgadas ao curso da semana, apontam dois cenários: um com Lula, no qual o ex-presidente lidera com folga a preferência dos eleitores, e outro, em que ele é substituído pelo professor Fernando Haddad. Neste caso, a liderança passa a ser ocupada pelo deputado Jair Bolsonaro, bem à frente dos demais postulantes.

Mas atrás dos números não está apenas a corrida presidencial. O que pouco se discute é a inércia do eleitor, que até agora, em expressiva maioria, ainda não se convenceu sobre em quem votar. Os dois institutos revelam uma alta abstenção, indicando para os candidatos que ainda há muita estrada pela frente a despeito do curto tempo de campanha.

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Em levantamentos recentes, constatou-se que o número de jovens na faixa de 16 e 17 anos – que podem votar se quiserem – caiu em relação ao pleito de 2016. Foi a primeira indicação do desencanto que ocupa as ruas com reforço dos escândalos que continuam na agenda do noticiário. Agora, as pesquisas mostram que esse sentimento não é exclusivo dos jovens. Quando Lula sai de cena, 49% dos eleitores de baixa renda não sabem em quem votar. Objetivamente, diz o Ibope, ficam politicamente órfãos.

Em Minas, a saída do socialista Marcio Lacerda favorece o turno antecipado, isto é, a finalização do pleito para governador já no dia 7 de outubro. De acordo com o Datafolha, o senador Antonio Anastasia (PSDB) lidera com 29%, sendo seguido pelo atual governador, Fernando Pimentel, com 20%. O número de indecisos também é alto, mas, se o MDB não se apresentar como terceira via, o que é pouco provável ante a pouca visibilidade de seus possíveis candidatos, de novo, tucanos e petistas estarão na final.

Num tempo em que o discurso da renovação nunca andou tão em moda, as ruas respondem que não é bem assim. Não basta ser novo para merecer o voto. É preciso ter programa e consistência no discurso, o que tem sido raso tanto nos debates na corrida para os governos estaduais quanto para a Presidência da República.

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