Passo adiante
O Governo tem que colocar na agenda a implementação de políticas de aplicação da vacina, embora estas ainda estejam no campo das pesquisas
Os muitos anúncios de avanço nas vacinas são acompanhados por uma acentuada expectativa pelo mundo afora, uma vez que, em tempos recentes, nunca uma pandemia provocou danos tão drásticos como o coronavírus. Do primeiro mundo aos países subdesenvolvidos, o cenário praticamente foi o mesmo: medo, ansiedade e incerteza. O próximo passo será decisivo, quando a profilaxia estiver disponível. Como será a sua aplicação?
Ontem, o noticiário apontava que o Governo Trump tinha comprado o lote de dois dos principais laboratórios americanos para uso interno. A questão que deve envolver a Organização Mundial de Saúde é como será o atendimento pelo mundo afora, especialmente dos segmentos mais carentes. A pandemia não distinguiu raça, cor ou condição social. E a vacina terá público semelhante?
Perguntas como essa já começam a ser feitas à medida que a ciência já dá sinais positivos nos testes ora em curso. Muitos deles têm apresentado resultados importantes, que podem levar a uma definitiva vacina já a partir do ano que vem. Hoje, com a participação de voluntários, já se medem consequências e medidas para enfrentar possíveis danos colaterais, mas se fala muito pouco de como o processo coletivo será implementado.
Tal discussão não pode ser deixada para depois, o que seria danoso, como foi o atraso na adoção de estratégias de combate à Covid-19. Países que foram rápidos na tomada de providências hoje já comemoram índices bem mais baixos.
Os que ficaram olhando a banda passar ou ignoraram a extensão da doença continuam pagando um alto preço. No Brasil, mais de 80 mil pessoas já perderam a vida, deixando o país no podium, atrás apenas dos Estados Unidos, dos que mais danos sofreram com o vírus.
Muito tem sido dito sobre o perfil do ministro da Saúde – militar da ativa -, que não teria a formação adequada para o cargo. Especialista em logística, o general Eduardo Pazuello, no entanto, tem pela frente uma questão que está dentro da sua expertise, pois o país tem que se preparar para distribuir a vacina a todos os segmentos, um desafio e tanto para um território com mais de cinco mil municípios, alguns deles perdidos dentro dos rincões ou ilhados nos rios da Amazônia.
Uma estratégia adequada será a única saída para reverter o atual cenário de preocupação com as políticas desenvolvidas pela pasta que comanda.