Acesso à água
Na Semana da Água, Juiz de Fora se mostra em situação mais confortável que a imensa maioria dos municípios brasileiros. No entanto, é preciso evitar o desperdício e manter políticas públicas permanentes de preservação deste bem
A situação de Juiz de Fora em relação ao abastecimento de água é bem mais confortável do que a da imensa maioria dos municípios brasileiros, muitos deles localizados até mesmo bem próximos. Enquanto temos mananciais que abastecem a cidade, outras tantas cidades vivem em escassez ou com águas de qualidade ruim, vindas de poços artesianos ou de outras origens ainda mais precárias. O relatório “Conjuntura de Recursos Hídricos do Brasil 2017”, da Agência Nacional de Águas (ANA), aponta que as vidas de 48 milhões de pessoas foram afetadas pelas crises hídricas dos últimos anos, o que representa um quarto dos brasileiros.
A água é um recurso finito e, apesar de o Brasil ser o país com a maior quantidade dela, é mal distribuída. Só para se ter uma ideia, 84% dos municípios do Nordeste foram afetados pela crise no abastecimento nos últimos anos. E há, sim, risco de colapso no abastecimento dos grandes centros se não houver investimento em segurança hídrica, como admitiu em reportagem do jornal “O Globo” dessa quinta-feira o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.
Todo este quadro de escassez faz com que os juiz-foranos precisem ter ainda mais responsabilidade nos gastos, evitando o desperdício mesmo em períodos em que aparentemente há tranquilidade no abastecimento. Reportagem da Tribuna divulgada nessa quinta-feira, no Dia Mundial da Água, mostrou que teremos as represas cheias para enfrentar o período de estiagem, que começa em abril e segue até setembro. No entanto, isso não significa que se pode gastar sem consciência o produto. Até porque, para que ele chegue até as casas, o custo econômico é alto, e, a depender da instabilidade do clima, também não estivemos isentos de passar por medidas de racionamento em anos anteriores.
Além disso, mesmo no próprio município, há localidades, como alguns distritos, onde a população não tem a mesma facilidade para ver chegar a água limpa e tratada em suas casas, como também mostrou esta Tribuna em relação ao distrito de Humaitá, onde a água de coloração barrenta é a que tem alcançado as residências dos habitantes, e só futuramente o líquido começará a ser tratado. Dessa forma, nesta Semana da Água, o que se espera do Poder Público é que tenha políticas públicas permanentes de tratamento, além de campanhas de conscientização em prol da preservação da água, e da população, que saiba que este é um produto finito e essencial à vida, portanto precisa ser usado com parcimônia e inteligência.