Impasses políticos

Votação de denúncia contra o presidente e mandato de senador à frente de partido tomam conta da agenda da semana


Por Tribuna

22/10/2017 às 07h00

A semana será emblemática para a política por conta de episódios programados para os próximos dias. O primeiro deles é a votação, em plenário, do relatório do deputado Bonifácio Andrada recomendando a rejeição da denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. O Governo tem votos para vencer, mas um Parlamento em ano pré-eleitoral é sempre imprevisível, daí o jogo de poder que tem o segundo ato – o primeiro foi durante a votação da primeira denúncia – com o licenciamento de oito ministros para reforçarem a base aliada na Câmara Federal.

O segundo evento está fora do Congresso, mas chama a atenção por conta dos personagens. Pressionado pelos próprios pares, o senador Aécio Neves ficou de dar uma resposta ao PSDB sobre a sua permanência, ou não, na presidência do diretório nacional. Setores importantes querem que ele renuncie ao posto, embora haja convenção programada para o mês de dezembro. Seus aliados entendem que é possível esperar até lá, mas o preço pelo desgaste pode ser alto.

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Em ambos os casos há custos. O presidente Michel Temer terá que se render aos apelos de sua base na implementação de projetos de interesse dos grupos, como a bancada ruralista que defende a manutenção da portaria que trata do trabalho escravo. Na sexta-feira, o Planalto admitiu acatar pelo menos as ponderações da procuradora-geral, Raquel Dodge, que arguiu inconstitucionalidade em vários pontos, mas não tem pretensão de retirar a matéria de pauta. Como sua sustentação no Congresso é menos expressiva, o preço a ser pago pelo apoio será maior. Por isso, o pleito ruralista é apenas o primeiro de tantos outros que deverão ser elaborados pelos parlamentares aliados, interessados, principalmente, em agradar suas bases.
No caso tucano, o senador Aécio Neves, em permanecendo no posto, corre o risco de perder a solidariedade até de quadros importantes do PSDB, que até então vinham mantendo apoio incondicional à sua causa. Mas há também o temor de, em saindo, perder o espaço que ainda lhe resta na legenda. A conferir.

 

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