Denúncia na ONU

Mais de cem ONGs levam situação do Rio a organismo internacional. Agora não é hora do medo, mas de exigir respeito aos direitos humanos


Por Tribuna

22/03/2018 às 06h30

Mais de um mês após a intervenção federal no Rio de Janeiro, o que se vê é mais medo, além de mortes e menos solução nas ruas. A situação na capital fluminense, que se agravou após a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, foi denunciada por mais de cem ONGs e entidades internacionais na última terça-feira (20) na Organização das Nações Unidas (ONU). Durante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, o grupo fez uma ação, afirmando que muitos daqueles que falam a verdade no país enfrentam violência e estigmatização.

O Governo brasileiro respondeu e afirmou estar comprometido em investigar o caso e responsabilizar os autores. O Itamaraty declarou que o assassinato é um atentado contra a democracia e o estado de direito. No entendimento da ONU, o caso mostra a situação sombria enfrentada pelos defensores dos direitos humanos no Brasil. Ainda na ONU, a denúncia incluiu casos de violência e assassinatos cometidos por policiais no Rio de Janeiro, especialmente em Acari, região periférica da capital fluminense. Juntando-se a todas as denúncias, a falta de recursos para o combate às violências no Rio de Janeiro também vem sendo revelada nos últimos dias nos jornais.

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Realmente, não será fácil modificar a grave situação da segurança pública naquela cidade, que também tem reflexos por vários municípios Brasil afora. No entanto, é preciso enfrentar o medo e continuar as cobranças de todos os lados, com a população sempre em vigília para que este momento não seja apenas aquele que funciona na prática como licença para matar aquele que é visto como indesejável no projeto de uma cidade. É preciso ir fundo, buscando responsáveis ainda que eles estejam a serviço do aparelho estatal. Colocar o Exército nas ruas foi uma atitude extrema, mas o peso não pode ficar apenas de um lado. É preciso salvaguardar, sim, os direitos humanos, porque só por meio da justiça e da paz, e não da violência, será possível ter alguma ponta de esperança para mudar não só o Rio mas todo o país.

 

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