Obras inacabadas
Projetos deixados para trás têm seu custo de retomada aumentado enquanto outros criam riscos para a população
Um dos principais desafios do governador Romeu Zema, mas fora da lista de prioridades por conta da situação financeira do Estado, é a retomada de obras inacabadas que se espalham por todas as regiões de Minas. Algumas são estratégicas, como os hospitais regionais, mas dependem de envolvimento do setor privado. No ano passado, o governador abriu espaço para recolher opiniões e admitiu repassar tais projetos para terceiros. Não se sabe, ainda, a conclusão da iniciativa. Como há outros pontos a serem repassados, é provável que a matéria só entre na agenda no segundo semestre.
O problema dos projetos inacabados é o crescimento do custo em caso de retomada. O Hospital Regional de Juiz de Fora, perto do Terminal Rodoviário de São Dimas, está há algum tempo sem qualquer intervenção, com boa parte de sua estrutura entregue a chuvas e tempestades. A retomada da obra vai implicar avaliação desses equipamentos.
Outros projetos foram executados sob o viés provisório, como é o caso da AMG-3085, que interliga as rodovias BR-040 e MG-353, no trecho entre a Barreira do Triunfo e a localidade de João Ferreira. O primeiro problema está no trevo da BR-040, inaugurado sob a condição de ser reconstruído, por ter pontos cegos que causam riscos para quem utiliza a via. Ademais, a sinalização é precária, permitindo abusos de toda sorte, especialmente dos usuários sem paciência para dar tantas voltas para acessar a rodovia. Até agora não há qualquer sinal de retomada do projeto.
Situação idêntica, e talvez mais grave, foi apontada pela Tribuna na edição dessa terça-feira. Há uma longa faixa que passa em meio a minas que abastecem a Represa João Penido. Quando ainda se discutia a obra, essa questão passou várias vezes pela mesma avaliação. A rodovia foi inaugurada sob a promessa de execução de obras protegendo o manancial. Elas ainda estão no papel, deixando em aberto a questão da segurança.
Imputar à atual gestão a responsabilidade exclusiva seria estabelecer uma discussão rasa sobre as obras ora paradas. Muitas saíram do papel sob o interesse político, sem garantias de conclusão, mas capazes de alavancar projetos políticos. O resultado é o impasse que ora penaliza a população, a única a pagar por tais ações e inações.