Salvar vidas

Campanha nacional de trânsito começa com a responsabilidade de implantar a conscientização coletiva no uso das vias urbanas e das rodovias


Por Tribuna

21/09/2021 às 07h00- Atualizada 21/09/2021 às 23h26

A Semana Nacional do Trânsito, que este ano tem como tema “No trânsito, sua responsabilidade salva vidas”, deve ser uma agenda permanente de governos e sociedade ante a sua relevância. O país, a despeito das muitas e necessárias campanhas, é um dos que registram o maior número de vítimas seja na área urbana, seja nas rodovias. Boa parte desses acidentes ocorre por negligência dos próprios usuários, mas outra parcela tem como causa a qualidade das rodovias nacionais.

O mote de 2021 tem todo sentido por imputar à responsabilidade uma das garantias para a mobilidade urbana. Quando as regras são respeitadas, o número de casos tem queda abissal, já que estão todos nas mesmas condições. O inverso, porém, é verdadeiro: numa sociedade em que burlar as regras é um modelo de agir, os riscos são bem mais acentuados.

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Com a volta às aulas, o desafio urbano é manter a trafegabilidade sem comprometer os demais usuários, sobretudo nos horários de pico. Com a pandemia, a transferência das aulas para o modelo home office reduziu a demanda, que já havia caído também em outras instâncias. Mesmo que nada seja como antes, a cidade e os usuários devem estar aptos para esse recomeço.

E é aí que surgem os desafios. A volta às aulas implica, também, a retomada do transporte coletivo em sua plenitude, exigindo das empresas o atendimento completo dessa nova demanda. A Prefeitura destaca que essa conversa já foi feita, restando, agora, conferir na prática como ficará a situação.

Mas a semana do trânsito não se fixa apenas num modelo. Ela deve servir de alerta para a necessidade permanente de políticas públicas, que facilitem a vida dos usuários do sistema dentro ou fora das cidades. Nas rodovias, sejam elas federais ou estaduais, o cenário continua sendo de preocupação, sobretudo nas que não foram privatizadas. Há um claro sinal de abandono.

Para ficar no entorno de Juiz de Fora, basta comparar as condições da BR-040, totalmente privatizada, e a BR-267, sob responsabilidade de Dnit. A primeira, a despeito das discussões em torno das concessões, seja na direção do Rio de Janeiro, seja no trecho Juiz de Fora-Brasília, tem muito mais segurança e qualidade em toda a sua extensão. Já a rodovia que corta a região no sentido transversal, ligando a BR-116 ao Sul de Minas, tem trechos que carecem de intervenção imediata. A Tribuna, ao longo desses anos todos, têm apontado essa situação.

No âmbito interno, a cidade precisa resolver de vez o imbróglio da BR-440, hoje um elefante branco, que liga o nada a lugar algum, e ainda se tornou um transtorno para seu entorno, já que as obras estão, de novo, paradas sem data para a sua retomada. A ligação com a BR-040 é uma questão de metros, após terem sido resolvidas as demandas ambientais, e na outra ponta o usuário se depara com tubos e cones numa divisão improvisada que já era para ter sido resolvida.

Sem funcionalidade, salvo para o improvisado lazer, a rodovia devia entrar na lista de prioridades, inclusive da instância política, pois, enquanto Belo Horizonte receberá recursos para um novo rodoanel, aqui não se sabe, sequer, o que será feito com uma rodovia fantasma.

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