Zona de contenção

Defesa dos limites com o Rio de Janeiro é um desejo coletivo, mas caro, o que vai exigir aporte de recursos da União para a sua implantação de longo prazo


Por Tribuna

21/02/2018 às 07h00

Por recomendação direta do governador Fernando Pimentel, a Polícia Militar e as demais unidades de segurança estão em operação especial nas divisas de Minas, para conter o êxodo indesejado de bandidos do Rio de Janeiro eventualmente acossados pelos militares no ciclo de intervenção federal no estado. Já aconteceu isso quando foram realizadas ações de porte, como invasão da Rocinha, tomada do Complexo do Alemão e da Maré. Deu certo à medida que não houve registro de prisão de estranhos com destino a Juiz de Fora.

Como não há meios para dimensionar a extensão da intervenção, uma vez que os detalhes ainda estão sendo discutidos, o cuidado com as fronteiras se faz por indução. Deve começar agora, a fim de não haver surpresas quando a situação esquentar no Rio de Janeiro. A questão é saber como será o financiamento de tais operações, pois o deslocamento de tropas e seu acantonamento têm custos elevados. O governador pretende pedir respaldo do Ministério da Justiça para garantir a efetivação do projeto.

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O que chama a atenção, porém, é que a intervenção está sendo tratada única e exclusivamente sob a ótica militar, isto é, de cumprimento de mandados de busca, de apreensão e de prisão, além da ocupação das chamadas zonas quentes. Mas como será o amanhã? O decreto assinado pelo presidente Michel Temer prevê a operação até dezembro, quando o comando das forças de segurança volta para o governador. Até lá, é fato, a população fluminense já saberá quem será o próximo mandatário, a ser eleito em 7 de outubro, que já deve assumir na virada do ano com a responsabilidade de manter – se tudo der certo – ou implementar novas ações.

Certamente, ele saberá que, para a recuperação do Rio, será preciso ir além da repressão. O estado vive um cenário caótico de desgoverno e só começará, de fato, a vencer essa guerra quando recuperar todos os seus serviços e colocar em prática ações de empregabilidade. O sucessor de Luiz Fernando Pezão estará no olho do furacão, pois a situação chegou a níveis inesperados graças à leniência dos seus mandatários.

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