Insistir é preciso
Ir em busca dos não vacinados tornou-se uma missão coletiva, pois as graves consequências começam em torno desses mesmos personagens
Cerca de 31 mil pessoas acima de 12 anos ainda não foram vacinadas em Juiz de Fora, a despeito do sucesso do processo de imunização no munícipio. Os números foram apresentados pela própria Secretaria Municipal de Saúde, ao avaliar a importância de recuperar tais personagens. Levando-se em conta o que repete pelo mundo afora, são muitas as motivações, que vão desde o viés religioso ao negacionismo em torno das vacinas e sua eficácia.
A motivação política tem forte presença nessa postura, mas seria ingênuo considerar que a rejeição é fruto exclusivo dessa questão. Há uma expressiva parcela da população, e em todos os países, que não aceita a imunização, bastando ver o que ocorre especialmente nos Estados Unidos, onde o número de casos de contaminação é crescente entre esses personagens. A NBA, a principal liga de basquete do país, teve um dos seus principais atletas suspenso por não admitir ser imunizado. Preferiu abrir mão do alto salário a ter a agulha espetada no braço.
Aceitar ou não ser imunizado tem um viés pessoal a ser respeitado diante do livre arbítrio, mas também para este há limites quando o gesto compromete outras pessoas. Uma pessoa não imunizada é um forte indutor de contaminação e, mais do que isso, um paciente em potencial, que, mesmo que não vá a óbito, ocupa espaços na rede de atendimento em vagas que poderiam ser carreadas para outros pacientes.
Esse tem sido o nó górdio das muitas discussões que perpassam a cena nacional, ante o entendimento de muitos segmentos em torno do seu direito de opção. A discussão, mesmo diante das consequências, não é pacífica e envolve importantes segmentos considerados esclarecidos.
Em alguns países, a solução foi à base do big stick, definindo a perda de empregos para os que recusam a imunização. Tem tido resultado, mas o melhor caminho ainda seria o convencimento distante da força, por ser mais eficaz quando a adesão é voluntária, mas a visão utilitarista tem sido aplicada com eficiência, quando não há outro caminho em benefício do coletivo.
No caso local, é preciso insistir, sobretudo ante a suspeita de que muitos desses personagens tomaram tal atitude pelo simples desconhecimento do processo. Pode ser inacreditável, mas ainda há aqueles que – mesmo diante dos fatos descortinados à sua frente – não entendem o que está acontecendo ao seu redor.
Para esses, pois, só o rastreamento e o convencimento da importância da vacinação. Afinal, todos ganham com isso.