Demandas regionais
A Zona da Mata tem que cobrar investimentos por ser um direito de uma região que, ao curso dos anos, foi colocada em segundo plano pelos governos
Durante a visita do governador Romeu Zema a Juiz de Fora, na última sexta-feira, lideranças políticas e empresariais voltaram a apresentar as demandas da região na expectativa de alguns avanços em relação aos pleitos anteriores. A cada gestão que passa, os apelos se renovam, mas poucos foram os resultados, e a Zona da Mata continua na retaguarda dos investimentos. Assuntos não faltam. O Hospital Regional continua na mesma situação em que foi deixado na gestão estadual passada, com suas obras físicas paralisadas e nenhum sinal de finalização. O governador Zema conta com recursos da Vale do Rio Doce para concluir o projeto.
A prefeita Margarida Salomão, depois de antecipar suas intenções numa entrevista à Rádio Transamérica Juiz de Fora, encaminhou ao governador a proposta de um ousado projeto executivo de ligação entre o Porto Seco, na Barreira do Triunfo (Zona Norte), e o Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, entre as cidades de Goianá e Rio Novo. Segundo ela, o custo gira em torno de R$ 200 milhões, mas daria fim à longa novela de recuperação da MG-353, para fazer dela uma via capaz de atender às demandas da alfândega e do Terminal Aeroviário.
O período eleitoral é o melhor momento para encaminhar propostas, pois é quando os candidatos estão de ouvidos abertos aos pedidos dos eleitores. No caso em questão, não é um pedido, mas uma exigência da região, que tem um passivo histórico em relação ao Governo estadual. A questão do aeroporto é apenas mais um deles, a despeito de a representação política ser expressiva.
Desde a sua inauguração, ainda no mandato do então governador Aécio Neves, o aeroporto já carecia de investimento nas suas vias de acesso. Essa demanda se ampliou quando entrou em pauta a necessidade de dar-lhe, também, um viés industrial. Isso só será possível se as estradas que a ele chegam tiverem condições de acolher trânsito pesado, algo impossível hoje, quando até mesmo a convivência de veículos de pequeno e médio porte é problemática, ora por falta de áreas de escapamento, ora por ausência de duplicação.
Com a maior malha viária do país, Minas ainda carece de profundos investimentos para garantir a qualidade das suas rodovias. Além das estaduais, nas quais se enquadra a ligação entre Juiz de Fora e o aeroporto, a BR-040, a despeito da privatização, continua sendo um gargalo na direção de Belo Horizonte. O trecho entre Conselheiro Lafaiete e o trevo de acesso a Ouro Preto é de pleno risco, ante a convivência com caminhões das mineradoras.
Mas não só lá. Entre Carandaí e Barbacena, a falta de divisão de pistas, num trecho de longas retas, tem levado a acidentes graves, como o que ocorreu na última segunda-feira, com três mortes. A licitação para renovação ou cessão para nova concessionária deve ser clara em torno dessas demandas.
E, nesse contexto, o Governo de Minas deve ter um papel assertivo, pois as estradas, além de ter qualidade de rolamento, devem ser seguras, a fim de se tornarem indutoras do progresso – como se espera -, e não vias do medo permanente para os seus usuários.