Prazos informais

A janela partidária a ser aberta em março é mera formalidade, pois os acordos já estão em curso; deixar para a última hora é temerário


Por Tribuna

19/01/2020 às 07h00

A política tem um timing próprio, mas os atores precisam estar atentos se estão dentro ou fora desse contexto. Como será aberta uma janela em março, na qual poderão ser efetuadas mudanças ou filiações partidárias sem qualquer restrição legal, há os que entendem que é preciso esperar para ver como ficará o quadro partidário. No entanto, deixar para depois pode ser um risco, uma vez que as conversações para formação de chapas e definição de candidaturas majoritárias estão em curso. Na semana que terminou, a Tribuna mostrou vários eventos indicando que a pressa nem sempre é inimiga da perfeição e que a prudência da espera pode ser um risco.

O calendário estabelecido pela Justiça Eleitoral serve para mudanças partidárias, mas é apenas uma questão formal. A maioria dos pré-candidatos já sabe para onde vai, esperando apenas o prazo formal para assinar a ficha. Por isso, quando se diz que a janela será definidora de acordos, trata-se apenas de uma estratégia. Os acordos já estão sendo fechados. Nos bastidores, há conversas avançadas tanto para o voto majoritário quando para o proporcional.

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Esse debate doméstico não chega necessariamente às ruas, pois o eleitor só vai se manifestar a partir de meados do ano, sobretudo quando começar o assédio dos candidatos, mas, com o incremento das redes sociais, cada vez mais ativas na política, a conversa será outra, não sendo suficiente o velho vou fazer ou conte comigo. Será preciso melhorar o discurso e adequá-lo aos novos tempos.

Tal mudança ocorre com o envolvimento em causas objetivas. A sociedade está cada vez mais assertiva e tem uma extensa agenda, que não passa apenas pelo buraco na rua ou pela vaga na creche. O tráfego na rede aponta para preocupações em torno de saúde, educação e segurança pública. Esta última, antes restrita ao estado e à União, tornou-se, também, uma agenda do município, implicando, pois, o envolvimento dos candidatos nessa discussão. No entanto, o eleitor quer saber também o que lhe é reservado para o futuro. Entre os cinco maiores municípios de Minas, Juiz de Fora precisa avaliar suas metas e suas possibilidades, com propostas que envolvam sua capacidade de atrair novos investimentos.

Ainda há muito a ser trilhado, mas, nesse momento de articulações para formação de chapas, os partidos precisam avaliar o seu potencial e sua ligação com as ruas. O jogo começa a ser jogado.

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