Uma nova agenda
O país que emergiu da pandemia acumulou desafios importantes para os próximos gestores, e sua implementação deve ser uma pauta discutida com os eleitores
É possível tirar lições do discurso do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que na noite de terça-feira, ao tomar posse, fez uma defesa enfática da democracia e apontou a posição do TSE de estar atento, sobretudo, ao modus operandi das fake news, o que envolve seus autores diretos ou eventuais patrocinadores. O ministro também destacou a importância das instituições e garantiu a segurança das urnas, que desde a sua implantação apresentaram resultados sem contestações.
A fala do ministro pode ser interpretada como um alerta, mas também como uma sugestão. Os milhares de candidatos espalhados pelo país afora, na busca de espaço nas assembleias legislativas, no Congresso Nacional e nos postos executivos, como governos estaduais e Presidência da República, devem se dedicar aos projetos para o país, que passam, necessariamente, por suas metas de ação. O mundo passa por uma grande inflexão econômica e política, e os desafios para as novas economias se acentuam. Os dirigentes e os parlamentares que tomarão posse em 1º de janeiro de 2023 terão uma série de demandas que precisam ser resolvidas, e como fazê-lo é um projeto a ser apresentado agora aos eleitores.
A campanha está só começando, mas é fundamental que o clima de beligerância seja substituído por propostas, pois é por meio delas que o eleitor define o seu voto. Quando há impasses, ou o velho nós contra eles, a escolha é por exclusão, o que nem sempre leva a um resultado de acordo com as expectativas da maior parte da população. O período de exposição – a ser ampliado com a propaganda gratuita, a partir do dia 26 – deve ser utilizado para a apresentação de programas e críticas republicanas ao concorrente. Comparar gestões ou projeto é um dado relevante, pois facilita a análise das ruas. Pautas progressistas ou conservadoras também fazem parte do jogo, sobretudo num país com tanta diversidade.
Um dos players globais, o Brasil tem um papel assertivo em diversos fóruns, especialmente ambientais, e precisa, também, reforçar essa posição. Trata-se de uma pauta relevante para os eleitores, da mesma forma que saúde, cultura, educação e segurança. Todas essas pautas precisam estar sistematicamente à mesa de debates, por serem importantes para os brasileiros. O país está saindo de uma pandemia global e viveu experiências notáveis, sobretudo com o SUS, mas também tirou exemplos de sua gestão.
O coronavírus ceifou milhões de vidas pelo mundo afora, e suas consequências ainda geram passivos importantes não apenas na saúde, mas também em outras instâncias, como a educação. A pandemia revelou um país com várias regiões desconectadas cujas consequências foram vistas durante o ciclo de aulas virtuais e de trabalho em home office. Num momento em que a tecnologia 5G começa a ser implantada, sua ampliação para as demais regiões é uma demanda de Estado.
Ao fim e ao cabo, temas não faltam para colocar nos projetos dos candidatos sem necessidade do jogo rasteiro que ainda perpassa algumas regiões do país.