Terceiro tempo
A bola parou de rolar na Copa, mas, no Brasil, entra em campo o jogo eleitoral num cenário recheado de incertezas por conta da judicialização da política
A Copa do Mundo, que coincide com as eleições gerais, de quatro em quatro anos, terminou com a vitória da França e um merecido segundo lugar para a Croácia. Equipes, torcedores e os que trabalharam na cobertura começam a volta para casa, retomando a velha rotina. Mas, no caso brasileiro, nem tanto. Com o apito final, começa um outro jogo, o da campanha eleitoral. A partir de sexta-feira, os partidos estão autorizados a realizar suas convenções para definir oficialmente os seus candidatos.
É fato que a maioria joga com o tempo, optando pela velha e surrada fórmula de deixar tudo para a última hora, a fim de verificar como está se articulando o concorrente. Dessa forma, a discussão interna deve acontecer entre os dias 4 e 5 de agosto. Com as convenções, estará oficialmente aberta a temporada de caça aos votos, embora todos já estejam em pleno proselitismo por seus redutos eleitorais.
Em decorrência da Lava Jato, a disputa de 2018 tem a marca da judicialização. Vários candidatos têm suas ações dependentes da Justiça, podendo ser impugnados a qualquer momento. Outros travam batalhas judiciais para garantir sua participação, e há, ainda, os que estão sendo convidados pelos próprios pares a ficar fora do jogo.
Nesse enredo, o ex-presidente Lula continua sendo a aposta do Partido dos Trabalhadores a despeito de estar preso e sob risco de ser impugnado pela Lei da Ficha Limpa. Em Minas, o senador Aécio Neves ainda aparece nas pesquisas como possível reeleito, mas passa pelo incômodo de ser fator de constrangimento para os seus colegas tucanos.
Também em Minas está em jogo o dilema interno do MDB. O partido, que já foi a federação da resistência, é hoje um espaço loteado, em que grupos atuam de acordo com suas conveniências sem pensar na já esquecida cartilha programática de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.
O que falta, porém, são projetos. Os políticos passam por temas básicos, como reforma trabalhista e reforma tributária, por serem demandas que estão diariamente no noticiário, mas não avançam. São contra ou a favor, mas ainda não mostraram as cartas, como num jogo de pôquer, em que o blefe também faz parte.