Ciclo das chuvas
O início do período das chuvas deve servir de alerta, sobretudo em algumas regiões nas quais a situação de um período para o outro pouco mudou
Como é próprio do último trimestre do ano, está começando o ciclo das águas. A cidade já teve mostras de sua dimensão, mas somente a partir de agora é que os temporais vão se tornar mais frequentes. E aí entra em discussão um tema comum a todos os anos: Juiz de Fora está preparada? A Defesa Civil tem feito reuniões pontuais para avaliar a situação de áreas críticas, mas, para um município de topografia comprometida, a discussão precisa ser permanente, não apenas na instância pública. Vários outros organismos precisam estar atentos, como as entidades de bairros, para amplificar a conscientização coletiva.
No período chuvoso, vários problemas se apresentam, fruto de inações no decorrer do ano, como o descarte inadequado do lixo e o entupimento das vias pluviais. As imagens recorrentes do Rio Paraibuna indicam que, a despeito de vários esforços, a situação não mudou. O volume de garrafas pet percorrendo o seu leito é expressivo, apesar de a coleta em Juiz de Fora ser um bom exemplo. A Usina de Marmelos, na região de Retiro, onde há uma barragem desse lixo, gera imagens impressionantes. Sobre o rio ainda há o problema de assoreamento. Quando ocorreu a extinção do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, vários equipamentos foram herdados pela cidade e utilizados na limpeza do Paraibuna. Há vários anos isso não ocorre, e o resultado é explicitado a olhos vistos: vários bancos de areia ao seu curso acabam culminando em inundações. A Zona Norte tem sido uma das mais prejudicadas, e bairros como Industrial e Cerâmica, abaixo do nível do rio, sofrem com o refluxo das águas.
Mas não é só o Paraibuna. Juiz de Fora é cortada por vários rios subterrâneos que precisam de limpeza, pois acabam acumulando bancos de areia e o próprio lixo, descartado de forma irregular. As consequências são velhas conhecidas na periferia com inundações.
Vários bairros que foram extremamente afetados no verão passado ainda não estão plenamente recuperados, e até casas consideradas em situação instável ainda permanecem na mesma situação.
Por mau hábito, a comunidade só se lembra dos riscos quando eles são iminentes, faltando iniciativas para discutir de forma permanente as consequências das chuvas, ainda mais quando têm um período já definido. Não há, pois, espaço para se dizer surpreendido. As águas começam agora e fecham o verão em meados de março.