O efeito Almas

Sem o prefeito estar diretamente na campanha, o foco das discussões deve ser transferido para os programas de Governo dos candidatos


Por Tribuna

16/08/2020 às 06h59

Desde José Eduardo Araújo, que não quis concorrer à reeleição em 2008, embora pudesse fazê-lo, a cidade, agora com a decisão de Antônio Almas, terá um pleito sem a presença do prefeito tentando a reeleição. Tal dado muda o cenário da disputa, uma vez que, mesmo apoiando outra candidatura, o Governo não terá grande peso na definição do eleitor. Almas, aliás, fez questão de lembrar, durante entrevista coletiva, que a Prefeitura não tem candidato, embora ele, como pessoa física, possa investir em algum projeto.

Como é próprio da disputa paroquial, o dirigente de plantão, principalmente quando ele também é candidato, se torna o alvo preferencial dos adversários. As críticas são centradas na gestão e no gestor, servindo de modelo para apresentação de propostas em contraposição. Sem o alvo, os postulantes ao posto terão que mudar o foco de seu discurso, levando-o para o campo propositivo em vez de situá-lo na trincheira de oposição.

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Dessa forma, quem ganha é o eleitor, pois terá meios de avaliar o que, de fato, os candidatos irão apresentar como plano de trabalho para os próximos quatro anos num cenário de plenas dificuldades. O atual gestor já disse que as contas da Prefeitura estão abertas, mas antecipou que o quadro não é bom. Antes mesmo da pandemia, os municípios de modo geral estavam em situação de penúria, especialmente os de Minas, que levaram prejuízos na gestão Pimentel pelo não pagamento de repasses obrigatórios. Zema está pagando a sua parte, mas as dívidas pretéritas continuam em aberto.

Há, ainda, a questão da Previdência, que tem um rombo de cerca de R$ 4 bilhões, que carece ser matéria prioritária da próxima gestão, por estar em jogo a situação do próprio funcionalismo público. Os servidores tiveram desconto em seus salários, mas nem sempre esse recurso foi para o fundo, sendo aplicado em outras rubricas ao curso das recentes décadas.

A administração das cidades tornou-se mais desafiadora, também, pelo desequilíbrio no pacto federativo. A União continua concentrando a maior parte das receitas, ficando os estados em segundo e os municípios no fim da fila, embora caiba a estes a gestão das demandas diretas da população. A reforma tributária, que poderia elaborar uma divisão equânime dos recursos, ainda é uma peça de ficção, pois continua fora da agenda do Congresso.

A campanha, é fato, ainda não começou, pois os partidos só poderão fazê-la a partir do dia 31 deste mês, mas as primeiras projeções apontam para um enfrentamento duro, cuja arena principal – sem as aglomerações – deve ocorrer nas redes sociais, um território fértil para todo tipo de informação, ou desinformação.

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