Faces da violência

Discutir ações de enfrentamento à violência é uma necessidade permanente, em razão do crescimento de ocorrências especialmente contra as mulheres


Por Tribuna

16/03/2023 às 07h00

A tentativa de feminicídio contra uma mulher de 30 anos, registrada na noite de segunda-feira, cujo autor é um jovem de 18 anos, é reveladora do que ocorre pelo país afora, sobretudo quando uma das partes – na maioria homens – não aceita o fim da relação. No relato aos policiais, a vítima disse que mantinha um relacionamento com o agressor de apenas três meses e decidiu encerrá-lo após diversos desentendimentos. Inconformado, ele a surpreendeu quando ela descia no ponto de ônibus próximo à Praça do Riachuelo. Foram três facadas no abdômen, costa e braço. O autor foi preso.

No próximo dia 22, por iniciativa da Prefeitura, por meio das secretarias de Segurança, Saúde, Direitos Humanos e Assistência Social, em parceria com diversas entidades, entre elas as polícias Civil e Militar, será realizado o fórum “Violência contra a mulher – múltiplos olhares, desafios e perspectivas, no qual serão avaliados os muitos cenários que estão se naturalizando no país. A sociedade tem que reagir, o que não se faz apenas com palavras, mas com políticas próprias de enfrentamento à violência e propostats pedagógicas que envolvam todos os segmentos sociais.

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noticiário tem sido pródigo em relatar ocorrências que há muito tempo deixaram de ser exclusivas de determinada classe social. A cultura da violência espalhou-se por todos os estratos da sociedade, fruto de “incentivos” indiretos, como a disseminação em massa para o uso de armas, até velhos preconceitos que se exacerbaram, multiplicados pelas redes sociais.

Fóruns e outros eventos são importantes para, como estabelece o próprio tema, colocar a questão sob os diversos olhares, já que a causa tem várias motivações. Quando se avalia o tema sob a ótica multidisciplinar é possível ampliar a discussão e reforçar o estabelecimento de medidas de combate ao crime.

É próprio da instância política buscar no aumento de penas a saída adequada para redução de crimes, o que nem sempre tem efeito em decorrência de não ser a legislação o problema central. O país tem leis em demasia pecando, sim, na sua execução. Tratar das penas é um dado real, mas antecipar-se aos fatos é o fator mais importante. As políticas de prevenção é que carecem de maior discussão, pois envolvem as muitas instâncias de poder.

A outra face do evento envolve desafios e perspectivas. De fato, são muitos, sobretudo quando se depara com programas que enfrentam solução de continuidade. Começa-se um projeto e tão logo muda a gestão ele é interrompido sob o surrado argumento do aperfeiçoamento.

Em situações com essa, as perspectivas nem sempre estão de acordo com as expectativas da população. Juiz de Fora já foi palco de um seminário de segurança pública que envolveu diversos setores. Foram muitas as propostas, mas nem todas saíram do papel, ora pela natural descontinuidade, ora por falta de recursos para a sua implementação. O somatório de desafios e perspectivas é um dos nós a serem desatados pelo bem comum, ora sob pressão da violência urbana.

 

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