A vez dos parceiros

Chamar o setor privado para atuar em demandas hoje exclusivas do setor público é a alternativa viável para melhorar a qualidade dos serviços


Por Tribuna

16/01/2020 às 06h20

A cessão do Aeroporto da Serrinha para a iniciativa privada, de acordo com proposta do Executivo encaminhada à Câmara, é uma medida adequada, sobretudo quando se discute a saúde financeira do município e se constata que ela vai mal. O terminal, utilizado apenas para voos particulares, estava no rol dos encargos sem benefício direto para a população. Tirá-lo da lista dos custos é um dado positivo. Ademais, o atual estágio é problemático ante a falta de investimentos.

Ao curso dos anos, o Estado – em todas as instâncias – vem acumulando funções que dariam melhor resultado se estivessem sob a gestão da iniciativa privada. No caso de Juiz de Fora, além do Aeroporto da Serrinha, há outros próprios que não carecem de ficar nas mãos da Prefeitura.

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Construído na gestão Tarcísio Delgado, quando a cidade sonhava em ter um estádio capaz de acolher grandes jogos, o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio também deve ser cedido a terceiros. Tem um custo alto e permanente, e não há qualquer tipo de retorno, ficando fechado a maior parte do ano. Com a conclusão do Ginásio Poliesportivo Jornalista Antônio Marcos, que pode ocorrer ainda este ano, a privatização, ou cessão do complexo esportivo, pode trazer mais vantagens para a cidade não só pela necessária expertise dos adquirentes, mas também pela redução de gastos no caixa do município.

O governador Romeu Zema, na tentativa de tirar Minas do CTI, como ele mesmo destaca, tem propostas ousadas, como a privatização da Cemig e da Copasa, duas joias da coroa que passam por momentos críticos, especialmente a geradora de energia elétrica. Alvo da ação política, que fez dela um cabide de emprego nos últimos anos, teve suas ações comprometidas ante a demanda crescente. Vários empreendimentos passaram meses à espera da instalação de energia, sendo obrigados a antecipar pagamentos para a execução do serviço.

Mas ainda há problemas. Ao trocar a presidência da estatal, o governador quer melhorar a performance da companhia para aumentar o seu valor de mercado, mas não desistiu da privatização. Terá a resistência da Assembleia Legislativa, que considera ser uma ação temerária. No último ano de sua gestão – 1994/1998 -, o então governador Eduardo Azeredo chegou a passar a Cemig para um consórcio americano. A ação foi dissolvida já nos primeiros meses do mandato de Itamar Franco, que revitalizou a empresa a ponto de esta assumir o controle acionário da Light, responsável pela distribuição de energia do Rio de Janeiro. Mas a Cemig não é a mesma deixada por Itamar.

As estruturas públicas já não dão conta de determinadas atividades em razão da qualificação. No caso do aeroporto, por exemplo, o setor privado tem meios de garantir investimentos e pessoal adequado às necessidades técnicas, o que seria um problema para o município, hoje sem recursos e obrigado a contratar especialistas para as funções.
A redução do tamanho do Estado passa necessariamente pela diminuição de suas atribuições, caso contrário, desidratar quadros com os mesmos encargos só agrava o problema.

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