Graves consequências
As informações falsas não são ações ingênuas, que se situam no campo dos boatos ou das fofocas. São premeditadas e com objetivos claros
A desinformação é um dos principais problemas de boa parte da população, pois a transforma em território fértil para a implementação das chamadas fake news. O dano se acentua quando esses mesmos personagens, diante destes dados, sem qualquer preocupação em aferir as consequências, compartilham com terceiros, criando um efeito dominó de graves repercussões. Em decorrência disso, profissionais de saúde do Brasil e de outros 16 países juntaram esforços em uma carta em que pedem medidas severas contra a circulação de notícias falsas. “Nosso trabalho é salvar vidas. Mas neste momento, além da pandemia da Covid-19, enfrentamos também uma ‘infodemia global’, com desinformações viralizando nas redes sociais e ameaçando vidas ao redor do mundo”, destaca o documento.
Os signatários apontaram situações em que as fake news criam falsas expectativas. Uma delas é a de que a cocaína era uma cura para a doença. A olho nu, parece um absurdo, mas há quem compre, como também ora ocorre nas redes sociais, indicando que a Covid-19 foi desenvolvida como uma arma biológica pela China.
Num momento em que todos estão fragilizados devido à pandemia, tais discursos proliferam em proporções geométricas, e o desmentido não alcança o mesmo público, daí a importância de ações como a investigação ora em curso no Supremo Tribunal Federal avaliando fontes propagadores de notícias falsas que vão além da coronavírus.
No país, a despeito da crise, há um clima polarizado, em que tal ferramenta se prolifera sob o viés político, causando, em vez de esclarecimento, mais desinformação.
As fake news não são um ato ingênuo. São pensadas e têm motivações de toda sorte em sua retaguarda, beneficiando seus autores, sobretudo para desconstruir não apenas biografias, mas também projetos de vieses políticos e econômicos. Trata-se de um problema de alcance global, que tem sido utilizado graças ao alcance da própria internet, que, por não ter fronteiras, amplia ilimitadamente a informação falsa, mesmo diante de legislações que punam seus autores.