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Embate entre presidente e governador de São Paulo acabou pesando na definição da data de imunização. Se não houver contratempo, ela começa no dia 20
Ao anunciar o início da vacinação contra a Covid-19 para o dia 20 deste mês, o Governo deu mostras de que a politização, envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, esteve no centro das discussões a despeito de todos os comentários em contrário. A data de Brasília está cinco dias à frente do dia definido pelo governador. Doria queria iniciar o processo em pleno feriado de São Paulo, numa jogada também considerada política. Bolsonaro saiu na frente.
O fundamental é o início da imunização, como bem destacou o governador de Minas, Romeu Zema, em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, na manhã dessa quinta-feira. Ele questionou a politização, que, no seu entendimento, tem consequências diretas no número de vítimas da pandemia. No Estado, mesmo com a definição do dia 20, o início da imunização vai ocorrer entre 24 e 48 horas após a autorização da Anvisa. Zema vai seguir os protocolos do Governo Federal.
Os primeiros contemplados – como deve ser – serão os profissionais da saúde, que estão na linha de frente no combate à doença, seguidos pelos idosos com mais de 75 anos. A faixa vai baixando à medida que tais faixas etárias forem atendidas.
A boa notícia é que finalmente o país vai iniciar a imunização da população, o que deveria ter começado há mais tempo, sobretudo em virtude dos números. O Brasil é o segundo no ranking em mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, e os dados são preocupantes, pois as festas de fim de ano e aglomerações estão só agora produzindo os seus efeitos. Vários estados estão no limite do atendimento.
A palavra, no entanto, ainda está com a Anvisa, mas a própria definição da data aponta que, desta vez, não haverá vetos aos pedidos elaborados pelas fundações Fiocruz e Butantã. Será muito grave se o processo for sobrestado por questões burocráticas ou de fundo político. A agência, embora seja um órgão independente, tem se alinhado ao Governo em várias decisões.
Política à parte, estados e municípios devem estar prontos para a aplicação da vacina. Na mesma entrevista, o governador destacou que, em princípio, não haverá necessidade de uso de estádios, como deve ocorrer em São Paulo, apostando na rede pública já instalada. Ademais, o Brasil, como já foi destacado nesse mesmo espaço, tem expertise em vacinação.
O importante, agora, é ir adiante por conta das demandas da população e dos níveis de infecções. A luta contra a Covid-19 não termina com o início da imunização. Num país continental, há, ainda, um longo caminho pela frente.