Passivos urbanos
Conclusão de obras inacabadas deve ser prioridade de governos, pois a sua não conclusão gera custos econômicos e ainda prejudica a população
Ao assinar ontem o termo de retomada das obras do Ginásio Poliesportivo Jornalista Antônio Marcos, a serem executadas pela Construtora Ribeiro Alvim a partir de maio, com previsão de conclusão em 11 meses, a prefeita Margarida Salomão dá mostras de que é possível atacar o expressivo passivo urbano na cidade e que carece de solução. São obras iniciadas em muitas outras gestões, que, por uma série de fatores – especialmente econômicos -, não foram concluídas. Entre elas estão o Hospital Regional e a BR-440, para ficar em dois projetos de grande relevância, cuja retomada ainda está fora do radar, embora, no caso do hospital, o governador Romeu Zema tenha garantido que será em breve, graças aos repasses da Vale do Rio Doce, multada pela tragédia de Brumadinho.
É necessário destacar que é hora de se dar fim às soluções de continuidade nas gestões administrativas. São raros os casos de um dirigente encerrar a obra do outro, o que gerou – no decorrer de décadas e pelo país afora – o atraso na conclusão de um expressivo número de projetos. Um velho olhar, comum em várias regiões, que não encontra o menor sentido nos tempos de hoje. E não há espaço para jogar a responsabilidade em cima das empresas contratadas, pois, ao fim e ao cabo, também acabam sendo vítimas das incertezas dos editais e, sobretudo, da economia.
O que está prescrito nos termos de licitação, no item de custos, tem que ser cumprido à risca, mas no dia a dia essa realidade não se sustenta. Ante a morosidade da burocracia e as oscilações da economia, o preço estabelecido hoje não é, necessariamente, o mesmo de amanhã. Daí, muitas desses certames darem desertos. Ademais, quando o processo é implementado sob a garantia de repasses sazonais, a situação se agrava, pois nem sempre estes são cumpridos, e nem todas as empresas têm lastro para levar a obra por conta e risco.
O Ginásio Jornalista Antônio Marcos é uma antiga demanda. Sua conclusão dá margem, inclusive, para outros investimentos. Na reta final da Liga Nacional de Vôlei, de novo, a cidade de Uberlândia, por meio do Praia Clube, disputa a semifinal feminina com o Sesc-Flamengo. E foi campeã no ano passado. Também no Triângulo, a cidade de Araguari é outra que já desponta no cenário nacional com duas equipes. São fatores interligados que devem ser avaliados.
O ponto mais crítico, porém, continua sendo a BR-440. Na edição de ontem, a Tribuna mostrou o descarte de lixo irregular em suas margens, ampliando ainda mais os problemas dos usuários e dos que moram em seu entorno. Por ser federal, a responsabilidade primária é do Dnit, que não dá pistas, até hoje, de quando o projeto será concluído a despeito de todas as autorizações ambientais já terem sido concedidas.
Em situações como essa, a participação da instância política é estratégica, uma vez que, por força do mandato, deputados e senadores têm meios de pressionar as estruturas de poder na busca de soluções definitivas.
Hoje, a rodovia que liga o nada a lugar algum é um esqueleto urbano, sem uma finalidade específica e com grandes problemas a serem resolvidos.