A natureza cobra
Mudanças no clima são fruto da ação humana, que não avalia as consequências de suas ações e omissões
As mudanças climáticas registradas nos últimos 30 anos – tempo adotado para estabelecer parâmetros – não surpreendem os especialistas, que há tempos estão alertando para o comportamento humano e seus reflexos no clima. O desmatamento desmesurado, que deixa as metrópoles sem cobertura verde, o adensamento urbano e o aumento sistemático do número de veículos são fatores que influem diretamente nas ações da natureza. E esta cobra a conta. Em Juiz de Fora, a despeito dos recentes temporais, já não chove tanto como nos anos anteriores. O mesmo pode ser dito sobre a temperatura. Os invernos estão cada vez menos frios e os verões cada vez mais quentes.
Mas o mesmo homem que maltrata a natureza pode reverter essa situação. As ações de arborização desenvolvidas na cidade são positivas, pois aumentam o cinturão verde, mas não se esgotam nessa questão. É fundamental implementar a educação ambiental como debate permanente das escolas, a fim de assegurar que a conscientização surta efeito. Hoje, por força dos lobbies e de outros interesses, os governos puseram o pé no freio, a começar pelos Estados Unidos, que já não se baseiam no acordo de Kioto. Ao contrário, o presidente Donald Trump aposta no carvão como matriz energética sem medir as consequências. A conta, porém, não é apenas paga pelos americanos do Norte. O planeta sofre globalmente.
Se cada um se dedicar a fazer a sua parte, haverá avanços, mas as ações devem ser tomadas de pronto, sem esperar o dia seguinte, pois o planeta já não tem mais esse tempo. As mudanças climáticas não se refletem apenas no quente ou no frio. Afetam vários setores, especialmente a agricultura. Se antes havia o tempo certo para o plantio e a colheita, o mesmo hoje não ocorre diante de tanta instabilidade.
Os mananciais da cidade estão cheios, mas isso não garante que a chuva tenha sido suficiente. É fato que a área rural é tímida no município, mas o mesmo cenário não se repete na Zona da Mata, em que a produção de leite, por exemplo, sofre com essas alterações. Todos, no fundo, perdem, o que impõe uma agenda comum de mudança de comportamento. A natureza, que ora cobra, agradecerá.