Piora dos índices
Governo tem que acelerar o processo de vacinação, o que só será possível com a despolitização do debate que tem deixado o país no final da fila entre os que vão adotar a imunização
O grau de contaminação por Covid no mundo alcançou números inéditos, com crescimento em todos os continentes. O Brasil, o segundo país com mais mortes, contribui expressivamente para estes números, mas, ao contrário de muitos outros, ainda passa por uma discussão sobre o início da imunização da população. A Anvisa, em vez da prioridade que o tema requer, marcou para domingo a reunião em que vai dizer se as vacinas a ela encaminhadas são ou não eficazes. O presidente Jair Bolsonaro, falando aos seus seguidores, em vez de dar um viés positivo, ironizou o grau de imunização da coronavac, a despeito de os próprios especialistas apontarem sua eficácia. A demora da Anvisa e o ceticismo do presidente em nada ajudam. Ante a repercussão, o presidente disse que vai comprar a vacina que a Anvisa autorizar.
Em entrevista coletiva, nesta quarta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse de forma enfática que o estado do Amazonas será o primeiro a receber a vacina em decorrência do grau de contaminação que registra. Vários hospitais já estão no limite e os índices são piores do que os registrados na fase mais aguda da pandemia, no ano passado.
Como o ministério, até hoje, não apresentou um plano nacional de vacinação, fica a dúvida sobre essa questão. A distribuição da vacina, a despeito da prioridade ao Amazonas, também deveria atender ao processo federativo, pois a situação é crítica em todo o país. Ademais, tirando o embate político do presidente com o governador João Dória, São Paulo, por exemplo, já está pronto para aplicar as primeiras doses. Haverá veto de Brasília?
Há muito tempo a politização da pandemia tornou-se um problema grave, pois, entre ações e reações, os dois líderes, especialmente, venderam ao público a impressão de que 2022 – quando haverá eleição para a presidência da República, governos estaduais, Congresso e assembleias -, tornou-se mais importante do que a saúde da população. A vacinação não pode passar pela mesma trilha o que seria um retrocesso para o país.
O Brasil tem expertise em vacina, sendo um dos países com estrutura sólida, mas é necessário que a política não entre nessa questão. Tanto em Minas quanto em Juiz de Fora, a forma de imunização já está em discussão, o que é importante, para atendimento a toda a população. A Covid é uma doença que não passa pelo aspecto social, bastando ver os índices de contaminação e as faixas etárias e sociais que afeta. Por isso, a vacinação tem que ser implementada com prioridades, é fato, para os profissionais de saúde e idosos, mas, em massa, logo após, para todos os segmentos.