‘Enquanto é tempo’

O combate à violência não se faz apenas com polícia. Aliás, o viés repressivo é a etapa mais crítica, pois significa o fim de um ciclo de problemas que leva à ocorrência dos ilícitos. Desta forma, a adoção de políticas públicas voltadas para prevenção é a forma mais eficaz para superar os impasses que marcam a rotina das cidades. Na série “Vidas perdidas”, inaugurada no domingo passado, a Tribuna avaliou várias experiências e contou histórias de personagens de ambos os lados. Com as autoridades, colheu dados que mostram a face crítica da metrópole que tem nas drogas a principal matriz. E, entre elas, o crack se destaca.

Na sexta-feira, o jornal revelou uma outra faceta das ações preventivas. A Justiça Restaurativa, que coloca algozes e vítimas frente a frente para um processo de depuração. A iniciativa pode ser considerada polêmica, mas está inserida em muitas outras que visam mudar vidas para melhor, e é isso que vale. O personagem da matéria tem sonhos, como tantos outros meninos e meninas que acabaram sendo atropelados pelas intempéries da vida e ficaram pelo caminho. Este quer ser juiz. Que tenha sucesso.

O diagnóstico elaborado pelos repórteres da TM é de Juiz de Fora, mas poderia ser retirado de qualquer outra cidade de seu porte ante a padronização do crime. As causas são muitas, mas têm uma fonte primária que passa pela desigualdade e pela falta de oportunidades. Não há ingenuidade nisso, embora se saiba que o crime tem outras motivações. É por causa delas, aliás, que a sociedade reage com ceticismo diante desses programas, por entender que o único caminho é a repressão, embora saiba que não é o único caminho.

O enfrentamento não tem fórmulas prontas, mas a sociedade não pode desistir. Quando isso ocorrer, estará sendo aberto um caminho sem volta, cujo final é de mais intolerância e medo. Ante isso, reagir e lutar devem ser as palavras de ordem. Enquanto é tempo.