Pato manco

Embora o Governo esteja fragilizado, antecipar a sua saída é jogar contra os fatos e prestar um desserviço ao país


Por Tribuna

12/06/2018 às 07h00

A Polícia Federal deve concluir nos próximos dias o inquérito que apura responsabilidades numa obra de restauração da casa do presidente Michel Temer. Faz parte de um pacote que envolve pessoas próximas ao chefe do Governo, dando margem a novas especulações em torno de uma terceira denúncia. O presidente se livrou de duas, mas ainda corre o risco de fechar o mandato tendo que se explicar diante da lei.

A questão a ser colocada à mesa é a quem interessa, agora, afastar o presidente da República, quando faltam apenas seis meses para o encerramento de seu mandato e somente quatro para a escolha do sucessor. Impopular ou não, ele deve fechar seu ciclo — o que não impede o prosseguimento da ação — para dar ao país a tranquilidade de que precisa para ir às urnas. Com a economia dando sinais de baixa recuperação, em parte por conta da greve dos caminhoneiros, e a descrença popular sobre seu aquecimento, há demandas em demasia para serem superadas ainda em 2018.

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Tendo em seu entorno ministros envolvidos na Lava Jato e ele próprio sob investigação da PF e do Ministério Público, o presidente é um pato manco, mas precisa ser mantido, sob o risco de o país mergulhar em um debate estéril sem sentido em torno de uma sucessão provisória.

Como ele é vice, o posto passaria para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que deve declinar para não ficar impedido de disputar a reeleição; o mesmo procedimento deve ser adotado pelo presidente do Senado, Eunício de Oliveira, com sérias dificuldades de renovar seu mandato no Ceará. Caberá ao presidente do STF a missão de fechar o ano. Como o mandato da ministra Cármen Lúcia está no fim, a vaga será ocupada pelo ministro Dias Tófoli.

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