Todos por um

O encontro envolvendo lideranças empresariais, educacionais e parlamentares com domicílio eleitoral em Juiz de Fora, patrocinado pela Associação Comercial, na última segunda-feira, apontou para questões importantes: a campanha eleitoral, embora ainda não tenha ido para os palanques, já está em curso, bastando avaliar o discurso de alguns personagens que se apresentaram no evento. É do jogo e, certamente, uma antecipação da agenda a ser levada aos eleitores após as convenções municipais.

Trata-se de um dado positivo, pois é possível avaliar o que pensam tais personagens a despeito de ainda estarem apenas no início da jornada. O eleitor quer conhecer suas propostas, e o próprio contraditório esquenta a discussão, induzindo, especialmente a atual gestão, a verificar os prós e os contras do que está sendo realizado. Os deputados têm uma visão crítica sobre o Hospital Regional, obra iniciada na gestão tucana e que até hoje está sem previsão de ser concluída.

Os indicativos são preocupantes, pois o governador Romeu Zema já antecipou que o Estado não tem recursos próprios para tais projetos. Ele abriu espaço para propostas da iniciativa privada que até agora não se consumaram. E aí surgem as críticas. O que foi feito com os recursos apontados pela deputada Sheila Oliveira; e qual o planejamento estratégico apresentado para o empreendimento, cujo custo principal é o custeio, como advertiu o deputado Noraldino Júnior? É uma boa discussão a ser levada em conta e que não se esgota apenas nos pré-candidatos. Trata-se de uma demanda da cidade, que vê o projeto se perdendo no tempo, enquanto a demanda tem uma curva ascendente.

A reunião patrocinada pela AC também jogou luzes sobre outros dois temas relevantes para a região. A BR-267, concluída no final dos anos 1970, é relativamente nova, se comparada com outras vias, mas no trecho mais antigo, entre Juiz de Fora e a BR-116, na altura de Leopoldina, tornou-se um autêntico queijo suíço, com risco permanente para os usuários. Os deputados federais Júlio Delgado, Margarida Salomão e Charlles Evangelista estão dispostos a cobrar ações do Dnit, que joga a culpa na empreiteira, que não deu conta do serviço. Aliás, algo comum em projetos em que as empresas se apresentam sem lastro suficiente, ficando na dependência de repasses do contratante. O Hospital Regional viveu situação semelhante.

A outra pauta foi o Parque Tecnológico, cuja instalação chegou a ser comemorada, mas foi embargada por contingenciamentos da equipe econômica a despeito de sua importância para a região. O tema não está morto, mas ficou claro que precisa ser redimensionado para caber no orçamento da União. Mas isso é o menos importante. O fundamental é que saia do papel, a fim de garantir, com o decorrer dos anos, investimentos capazes de torná-lo uma fonte permanente de recursos e de conhecimento.