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Ao abrir várias frentes, o Governo Temer se habilitou à possibilidade de ceder mais do que previa para fazer as reformas que estão em discussão no Congresso Nacional. Até mesmo partidos aliados já pressionam o Planalto para abrandar as propostas, a fim de garantir a aprovação de um texto que atenda às duas partes: ao Governo e às ruas. Em matéria de capa, na última sexta-feira, o jornal “Folha de S. Paulo” destacou em manchete que o “PSDB, aliado de Temer, quer abrandar nova Previdência”. O matutino acrescentou que pelo menos quatro pontos estão sendo discutidos, entre eles a regra de transição e a diferenciação do benefício para o trabalhador rural.
Pelo país afora, a discussão se aflora de várias formas. Em Minas, os professores das redes municipal e do estado decidiram entrar em greve, a partir do dia 15, aderindo ao movimento nacional de luta contra a proposta de reforma da Previdência. A paralisação será por tempo indeterminado. Neste caso, o dano, em vez do Governo, será dos alunos, mais uma vez com um calendário incerto ante a possibilidade de reposição de aulas.
A reforma da Previdência é necessária, mas o Governo errou na discussão do tema, na formulação de propostas e, sobretudo, no enfrentamento a vários impasses há anos parados no Parlamento. Na busca de entrar para a história como um presidente de reformas, Michel Temer ignorou a articulação fora do Parlamento, desconhecendo a força das ruas, detentoras da poderosa ferramenta das redes sociais.
Na necessária pressa, ignorou questões básicas, sendo induzido, agora, a retrabalhos, que poderiam ter sido superados se houvesse essa articulação.