Paraibuna é o desafio
Principal rio a cortar a cidade, o Paraibuna carece de ações de médio e longo prazo, que incluem seus afluentes, a maioria deles debaixo da malha urbana
A administração de cidades, especialmente de médio e grande porte, é um desafio permanente para os gestores ante as demandas crescentes e o baixo repasse de recursos para a sua execução. Há tempos já se conhece a situação do Rio Paraibuna, na altura do Bairro Industrial, que todos os anos, no ciclo das chuvas, se torna caótica. Abaixo do nível do leito, o bairro vive o dilema permanente do refluxo das águas, situação que se repete em seu entorno.
As chuvas de segunda-feira repetiram o cenário de outros anos, levando a Prefeitura a decretar estado de emergência, pois o problema se ampliou para outras regiões. Uma das pontes de Santa Terezinha, momentaneamente, teve que ser fechada por causa das águas do rio.
Quando anunciou pelas redes sociais que estava considerando o estado de emergência, a prefeita Margarida Salomão destacou que atacar o problema tornou-se uma prioridade. Ontem, pela manhã, ela visitou a região para avaliar os danos da inundação. O Paraibuna, de acordo com dados históricos, teve a sua maior cheia em 20 anos.
A correção de seu curso, no distante Governo Vargas, minimizou os muitos problemas de inundação da cidade, bastando ver imagens de enchentes históricas, cujas águas chegavam até a Avenida Rio Branco, mas o adensamento da cidade, especialmente na Zona Norte, indica a necessidade de outras ações.
E aí há o problema crônico do financiamento. Nenhum município tem meios próprios para um projeto de tal monta, o que aponta para a necessidade de se socorrer na instância federal. O principal rio da cidade carece de ações de longo prazo, principalmente para combater o assoreamento, implicando também intervenções nos seus afluentes. O projeto de despoluição, ainda em curso, envolve os demais córregos da cidade, embora a situação da Zona Norte seja um problema de implicação distinta.
A busca de solução deve ser um projeto coletivo, exigindo a participação de diversas instâncias e de especialistas, a fim de se colocar em pauta um projeto de longo prazo, capaz de minimizar o drama quase sazonal da população daquela região.
Os muitos problemas que afetam os municípios brasileiros são resultado, em boa parte, da descontinuidade de medidas governamentais. Um projeto de tamanha dimensão, que deveria ser sido desenvolvido tão logo foram verificadas as primeiras inundações, agora ganha o viés de urgência. Para tanto, a discussão, como destacou a própria prefeita, tem que ser implementada a partir de agora.