Além da pauta
Discutir o futuro da cidade e da região é uma questão importante na próxima campanha, pois há uma relação direta para o seu crescimento
A campanha eleitoral só começa em meados do ano, e as candidaturas só serão definidas a partir de abril – salvo as exceções -, mas o tempo será suficiente para uma discussão mais profunda sobre o futuro da cidade. Em todos os pleitos, o debate é superficial, focado principalmente em questões de saúde, educação e zeladoria, embora haja um expressivo elenco de outras demandas. Os novos tempos exigem projetos de longo e médio prazos, e não apenas de gestão diária das questões do município. Se não houver planejamento, os investimentos minguam, pois o mercado não gosta de incertezas.
Um vídeo, ora em circulação nas redes sociais, tem apontado o crescimento do Triângulo Mineiro, especialmente de suas duas principais cidades, Uberlândia e Uberaba, alvo de novas indústrias em razão de sua infraestrutura. De fato, há um olhar diferente para a região, mas fazer comparações com Juiz de Fora, especialmente, não é a forma mais adequada, sobretudo por conta de características de toda sorte, inclusive topográficas. Ademais, o Triângulo é rico como um todo, ao contrário da Zona da Mata, cujos municípios, com exceção de Juiz de Fora e alguns poucos, como Ubá, vivem à mercê de repasses obrigatórios, sem indústrias e com suas demandas plenamente dependentes da cidade-polo.
Como agravante, quando governava o Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho aprovou uma lei de incentivos fiscais temerária, cujos danos só agora ocorrem no Rio, mas capaz de drenar investimentos para o outro lado da divisa. Isso só, no entanto, não justifica nossas perdas, como a M. Dias Branco.
Tendo o passado apenas como ponto de reflexão, a discussão tem que se voltar para o futuro, exigindo avaliações em torno, sobretudo, da capacidade do próprio Executivo, a quem, por prerrogativa, cabe puxar a fila. Desde a sua posse, no primeiro semestre do ano passado, o prefeito Antônio Almas tem enfrentado uma grave crise financeira, cujos resultados são vistos pela cidade afora. Em vários eventos, inclusive em entrevistas ao Grupo Solar de Comunicação, ele tem se queixado da incapacidade financeira da Prefeitura. É fato. Fez uma reforma administrativa, mas há pontas soltas, em torno do custeio.
Embora tenha várias fontes de arrecadação, e não apenas o IPTU, o Executivo continua drenando recursos do tesouro para cobrir a Previdência do funcionalismo. A folha de pagamentos, graças a incentivos legais, cresce exponencialmente. A conta, de novo, não fecha. Essa questão tem que ser enfrentada, sob o risco de o próximo gestor, ou o atual, mediante a reeleição, ficar apenas administrando problemas.
Não é uma missão fácil, mas necessária, e que deverá contar com respaldo da Câmara Municipal. Os vereadores, como representantes diretos da população, também precisarão participar desse debate, que pode e deve se estender a outros segmentos. Afinal, todos estão no mesmo barco.