Desafios da educação
Terceiro tema da série produzida pela Tribuna é pauta prioritária para os gestores públicos, amplificada pelos efeitos da pandemia, que alterou todo o calendário escolar pelo país afora
A educação é a principal via de transformação de uma sociedade e uma das únicas capazes de beneficiar todas as frentes do extrato social. Por ela, se combate a pobreza, elevam-se de patamar as camadas mais carentes e combate-se, inclusive, a violência, por permitir, especialmente aos jovens, a perspectiva que hoje lhes falta e que os tornam matéria fácil para o mundo do crime diante dos apelos que este, a despeito da artificialidade, lhes impõe. A educação é uma blindagem contra as mazelas e um instrumento civilizatório de ganhos permanentes.
Mas se todas essas qualidades são visíveis – bastando avaliar países em que os investimentos foram maciços – o que falta? A Coreia do Sul, hoje um dos gigantes tecnológicos do mundo, nos anos 1950, tinha condições bem mais precárias do que as do Brasil. Após colocar a educação em primeiro plano, virou o jogo. O desafio começa nos municípios, nos quais o financiamento ainda é aquém do necessário. Fala-se muito na educação integral, mas são poucas as cidades que adotam esse modelo no setor público.
Na edição deste domingo, a Tribuna, prosseguindo a série Voto & Cidadania, coloca a educação como tema central. Quem suceder o prefeito Antônio Almas, que não tentará a reeleição, enfrentará o desafio de mudar o patamar da cidade. O próprio Almas, em entrevista ao repórter Marcos Araújo, admitiu que a trilha é árida, diante dos muitos embates pela frente. Um deles é a situação do magistério. “É a questão do plano de cargos e salários não só na Prefeitura, mas de modo geral no magistério, para que a gente possa adequá-lo à realidade da Prefeitura de Juiz de Fora, sempre respeitando os direitos adquiridos.”
Almas destaca que já foi encaminhado à Câmara um projeto, com uma nova discussão, com novos tempos de carga horária de contrato. “Mas é uma discussão muito dura, porque implica mudanças dessa ordem na vida das pessoas, na vida dos profissionais.”
O próximo prefeito, ou prefeita, terá que encarar de frente esse debate, assim como a próxima legislatura da Câmara Municipal, se os atuais vereadores não votarem a matéria. Embora tenham essa legitimidade, seria mais adequado a discussão chegar ao mandato a ser inaugurado em 1º de janeiro de 2021.
Há pontos críticos a serem considerados, a começar pela falta de concurso público, que acaba comprometendo a atuação dos próprios professores perante a insegurança comum aos temporários. O debate, porém, não se esgota no município. O Congresso Nacional também tem propostas a respeito, o que pode servir tanto de bússola para o debate local como referência para a tomada de decisões. Não há, porém, espaço para omissões.
A pandemia do coronavírus ampliou ainda mais as áreas de incertezas em torno do tema, por conta do calendário escolar, que ficou totalmente à deriva, com os embates jurídicos e pessoais sobre a volta ou não das aulas presenciais. O calendário de 2021, certamente, será o ponto central para a administração pela necessidade de garantir aos estudantes um retorno sem risco e capaz de recuperar o tempo perdido neste ano em que tudo foi diferente.