Liderança regional
Juiz de Fora tem que puxar a fila na busca de investimentos na Zona da Mata, hoje uma das mais desprestigiadas do Estado
Polo de uma região com mais de 1,5 milhão de habitantes, boa parte deles utilizando especialmente seus serviços, Juiz de Fora tem pela frente o desafio de enfrentar o impasse econômico com um olhar voltado para a região. Vários seminários já foram realizados, mas, sem a liderança da cidade-polo, que nem sempre enfrentou essa questão de frente, a Zona da Mata vai continuar em segundo plano nas instâncias de poder, ficando na dependência eterna de repasses obrigatórios e de emendas parlamentares efetivadas no Congresso e na Assembleia Legislativa.
Nesses fóruns, sempre ficou claro que o desenvolvimento integrado é a melhor forma de beneficiar o todo. Com serviços de primeira linha, a cidade pode se beneficiar disso ao contribuir para o desenvolvimento de seu entorno, bastando ver a experiência da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A capital é desprovida de indústrias, mas acolhe toda a demanda de consumo da rica região. Aqui, o cenário é outro. O entorno local é extremamente pobre, e suas demandas são realizadas no município-sede, como ficou explícito nesse ciclo de pandemia. São poucas as cidades da Zona da Mata que têm uma estrutura capaz de conter suas próprias demandas nas áreas de saúde e educação, especialmente.
Ao prefeito ou prefeita de Juiz de Fora cabe o papel de coordenar o processo de desenvolvimento conjunto, liderando ações nos gabinetes de Brasília e de Belo Horizonte, independentemente do viés ideológico das lideranças. A Zona da Mata, mesmo com vários parlamentares, nunca teve uma voz capaz de atrair as atenções dos governos federal e estadual. Sempre recebeu benefícios como se fossem concessões, não como direitos.
Há anos, por exemplo, se cobra uma atenção especial à BR-267, que, ao lado da BR-040, é a principal via federal cortando a região. Houve um tempo em que se elaborou até um documento denominado Carta de Maripá, até hoje repousando nas gavetas da burocracia. Já naquele tempo se defendia manutenção permanente da rodovia e ampliação das vias que lhe dão acesso para facilitar o escoamento de produção. Pouco foi feito.
Vale o mesmo para o processo de industrialização. A Zona da Mata, por conta de sua proximidade com o Rio de Janeiro, foi a que pagou o maior preço com a migração forçada pelos incentivos fiscais implementados a partir da Lei Rosinha. Muitas se arrependeram da mudança, mas o mal já estava feito quando atravessaram a divisa e lá passaram a deixar seus recursos e acolher seus empregados.
A Zona da Mata só vai ganhar o espaço que merece quando estabelecer metas conjuntas e ter um discurso único, como é próprio do Triângulo Mineiro. Lá, como cá, há as diferenças políticas, mas, quando a causa é regional, todos falam a mesma língua, em vez de adotarem ações isoladas que pouco resultados produzem.