Liderança regional

Juiz de Fora tem que puxar a fila na busca de investimentos na Zona da Mata, hoje uma das mais desprestigiadas do Estado


Por Tribuna

10/11/2020 às 06h58

Polo de uma região com mais de 1,5 milhão de habitantes, boa parte deles utilizando especialmente seus serviços, Juiz de Fora tem pela frente o desafio de enfrentar o impasse econômico com um olhar voltado para a região. Vários seminários já foram realizados, mas, sem a liderança da cidade-polo, que nem sempre enfrentou essa questão de frente, a Zona da Mata vai continuar em segundo plano nas instâncias de poder, ficando na dependência eterna de repasses obrigatórios e de emendas parlamentares efetivadas no Congresso e na Assembleia Legislativa.

Nesses fóruns, sempre ficou claro que o desenvolvimento integrado é a melhor forma de beneficiar o todo. Com serviços de primeira linha, a cidade pode se beneficiar disso ao contribuir para o desenvolvimento de seu entorno, bastando ver a experiência da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A capital é desprovida de indústrias, mas acolhe toda a demanda de consumo da rica região. Aqui, o cenário é outro. O entorno local é extremamente pobre, e suas demandas são realizadas no município-sede, como ficou explícito nesse ciclo de pandemia. São poucas as cidades da Zona da Mata que têm uma estrutura capaz de conter suas próprias demandas nas áreas de saúde e educação, especialmente.
Ao prefeito ou prefeita de Juiz de Fora cabe o papel de coordenar o processo de desenvolvimento conjunto, liderando ações nos gabinetes de Brasília e de Belo Horizonte, independentemente do viés ideológico das lideranças. A Zona da Mata, mesmo com vários parlamentares, nunca teve uma voz capaz de atrair as atenções dos governos federal e estadual. Sempre recebeu benefícios como se fossem concessões, não como direitos.

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Há anos, por exemplo, se cobra uma atenção especial à BR-267, que, ao lado da BR-040, é a principal via federal cortando a região. Houve um tempo em que se elaborou até um documento denominado Carta de Maripá, até hoje repousando nas gavetas da burocracia. Já naquele tempo se defendia manutenção permanente da rodovia e ampliação das vias que lhe dão acesso para facilitar o escoamento de produção. Pouco foi feito.
Vale o mesmo para o processo de industrialização. A Zona da Mata, por conta de sua proximidade com o Rio de Janeiro, foi a que pagou o maior preço com a migração forçada pelos incentivos fiscais implementados a partir da Lei Rosinha. Muitas se arrependeram da mudança, mas o mal já estava feito quando atravessaram a divisa e lá passaram a deixar seus recursos e acolher seus empregados.

A Zona da Mata só vai ganhar o espaço que merece quando estabelecer metas conjuntas e ter um discurso único, como é próprio do Triângulo Mineiro. Lá, como cá, há as diferenças políticas, mas, quando a causa é regional, todos falam a mesma língua, em vez de adotarem ações isoladas que pouco resultados produzem.

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