Ciclo das águas

O enfrentamento ao período de chuvas é uma questão permanente, por conta das suas consequências


Por Tribuna

10/01/2020 às 06h16

O viés pedagógico dos problemas tem sido insuficiente para o enfrentamento de intempéries. O período das águas não é um fenômeno aleatório, mas, mesmo assim, continua surpreendendo com suas consequências. As imagens são fortes em vários pontos do país, a despeito de tragédias anunciadas perante a leniência de órgãos públicos e o descaso da população. Juiz de Fora fez o dever de casa no tratamento das encostas, mas ainda há muitas demandas a serem superadas por conta da sua topografia, por ocupações desordenadas e pelo descarte irregular do lixo.

A cidade tem se saído razoavelmente bem, por não registrar óbitos, mas fica claro que há um árduo trabalho pela frente, sobretudo quando se trata dos córregos que cortam os bairros. Muitos estão assoreados e sem perspectiva de recuperação diante dos custos e, até mesmo, de impossibilidades técnicas. O Córrego Independência, que passa sob a Avenida Itamar Franco, carece desse serviço, mas há o problema de ser totalmente encapsulado. Hoje, os órgãos ambientais proíbem esse modelo por conta dessa questão. E a cidade é pródiga nesse aspecto.

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O Paraibuna, que acolhe todo o fluxo, tem, por sua vez, verdadeiras ilhas, inclusive na sua parte urbana, como é possível ver na altura da ponte da Rua Floriano Peixoto, logo no desemboque do córrego do Yung, vindo da Zona Leste da cidade. Já se perdeu no tempo o último grande trabalho de dragagem, com o uso de duas máquinas transferidas para o município pelo antigo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Seu destino é incerto. O serviço, também.

Com a Represa de Chapéu D’Uvas, que regula o fluxo do Paraibuna, o risco de enchente é mínimo, mas vários pontos da cidade ainda são críticos, especialmente na altura dos bairros Industrial e Cerâmica, que ficam abaixo do nível do rio. O refluxo lota os córregos e chega às residências, numa peleja que dura dezenas de anos.

A falta de recursos é o ponto central para inações, mas é necessário discutir alternativas – e a campanha é um bom momento -, a fim de se buscar soluções para velhos problemas. Caso contrário, esse moto contínuo tende a se agravar com o aumento das ocupações e a falta de estrutura necessária para evitar que aconteçam.

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