Novos gestores
A transferência do Expominas para a iniciativa privada é uma necessidade, já que o Estado, ao longo dos anos, se mostrou incompetente na sua gestão
Na campanha eleitoral de 2002, durante um evento na Associação Comercial, o então governador Itamar Franco apresentou o candidato à sua sucessão. Tratava-se do deputado Aécio Neves, que no seu discurso garantiu que terminaria dois projetos importantes do ex-presidente. Falava do Aeroporto Regional e do Centro de Convenções – ambos em processo de lançamento. Cumpriu a promessa. Ainda na sua gestão, os dois próprios foram inaugurados sob a expectativa de alavancarem os negócios na região.
Passadas quase duas décadas, ambos têm problemas. O aeroporto, como já foi discutido neste mesmo espaço, carece de uma via de acesso que facilite a sua industrialização. A MG-353, que faz a ligação com Juiz de Fora, precisa de investimentos em seu curso, sobretudo na ampliação lateral da pista e sua sinalização. O próprio terminal também precisa de novas ações para ampliar a sua capacidade de pousos e decolagens.
Na edição dessa quarta-feira, a Tribuna trouxe como destaque o projeto do Governo de Minas, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), de passar o Expominas para a iniciativa privada. A licitação prevê um valor inicial de R$ 61 milhões, mas destaca que o comprador deve manter a finalidade como centro de convenções. Já houve tentativas de privatização, mas a licitação anterior não teve interessados.
Passar o espaço para a iniciativa privada é a alternativa mais viável, mas, também para atrair interessados, algumas medidas precisam ser tomadas. De fato, o local tem uma infraestrutura de primeiro mundo, porém peca por detalhes para a sua implementação. Um deles é o acesso, que hoje se dá única e exclusivamente pela BR-040. Trata-se de uma rodovia federal de trânsito intenso e numa área de alta velocidade. Qualquer evento no Expominas tem esse contratempo e, sobretudo, risco, principalmente se realizado à noite.
Em várias gestões estaduais essa questão foi apresentada, para a construção de um acesso que ligasse o Centro de Convenções à área urbana da Cidade Alta sem depender da rodovia. O projeto ficou no papel e, certamente, por conta disso, o desinteresse da iniciativa privada.
O segundo ponto questionável é a governança. Com gestores apartados dos interesses da cidade, nunca ocorreu, de fato, a implementação de iniciativas que garantissem a ocupação permanente do espaço. O único evento de grande porte continua sendo a Expolac, que reúne o setor de laticínios. As demais ações foram esporádicas a despeito da infraestrutura disponível.
Se a licitação não der deserta, esses dois pontos serão estratégicos para que o projeto de Itamar cumpra, de fato, a sua vocação. No lançamento da pedra fundamental, ele acentuou que o aeroporto e o Expominas seriam parte de seu legado para garantir o desenvolvimento da Zona da Mata. Isso é possível, mas as mudanças são necessárias, pois, caso contrário, o centro de convenções será um elefante branco, como tantos espalhados pelo país afora.