Glasgow é aqui
Cúpula do meio ambiente discute problemas globais, mas as cidades devem estar atentas às próprias demandas, por fazerem parte do dia a dia da população
A COP 26, em Glasgow, tem resultados importantes, a começar pela adesão do Brasil a cláusulas mais avançadas no cuidado do meio ambiente, mas será preciso aperfeiçoar, sobretudo, o acompanhamento dos pactos firmados no evento da Escócia, como o próprio voto nacional, bem além do esperado, que pode, no entanto, ser mais uma jogada de marketing do que uma proposta factível. É bom lembrar que, dias antes, as autoridades brasileiras tinham uma postura conservadora, que, certamente, não deve mudar no curto prazo.
Cúpulas como essas são importantes para jogar luzes sobre questões que não se esgotam em fronteiras e também para avançar numa discussão que deve ser uma agenda permanente de governos. Os riscos ambientais em determinadas regiões afetam outras, num ciclo global que pode ter como consequência o efeito dominó. Os países que já entenderam essa situação fazem fortes investimentos e ainda financiam políticas semelhantes em outras regiões. O Brasil tem se queixado de que os principais defensores da Amazônia mais jogam para a arquibancada do que promovem projetos para a sua manutenção.
Mas é preciso fazer o mea-culpa quando se avalia, por exemplo, as ações predatórias na região. O vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, admite que, por mais que seja feito, haverá problemas com garimpeiros que não medem as consequências de seus gestos.
Mas Glasgow é também aqui. O fórum que ora se realiza no norte europeu deve produzir discussões nativas, a fim de não apenas amplificar os debates, mas também para dar margem às ações locais. Em Minas, dois casos foram emblemáticos na última década, a partir do rompimento da Barragem de Mariana e da tragédia de Brumadinho. Minas é um dos estados com maior número de barragens e, apesar de todo o ônus que os rompimentos provocaram, ainda permanecem no papel várias medidas de segurança.
Em pleno ciclo das águas, o debate em torno dos rios tem que continuar em pauta, pois há sempre a possibilidade de riscos para a população. Tramita na Câmara Municipal uma mensagem que trata de drenagem de áreas críticas da cidade. É preciso estar atento ao debate devido à sua relevância. Situada em meio às montanhas, a cidade tem vários pontos críticos que precisam ser atacados. A população deve desempenhar um papel assertivo no tema, pois somente ela, de fato – a despeito de todos os levantamentos -, tem meios de apontar onde ocorrem os problemas.