O dilema nas ruas
Ocupação em massa nas ruas não é apenas fruto do desconhecimento; muitos desses personagens fogem do isolamento por pura necessidade
A foto de capa da edição de quarta-feira da Tribuna foi emblemática ao mostrar o expressivo número de pessoas transitando pelas ruas da cidade, especialmente na Avenida Getúlio Vargas, onde as calçadas, especialmente nos pontos de ônibus, estavam lotadas. O crítico aponta para a falta de engajamento desses personagens, que ainda não entenderam a extensão dos riscos do coronavírus. Outros, no entanto, vão constatar que boa parte dessas pessoas estava ali por necessidade, sem meios de permanecer em casa no necessário isolamento.
As redes sociais têm sido pródigas nessa questão, reverberando outras discussões que já se faziam presentes, muitas delas forjadas pelo viés ideológico. Como o debate é livre, desde que não descambe para a intolerância, ele é válido sobretudo quando, no final das contas, ninguém sabe de fato como resolver o problema. O isolamento é uma medida para evitar propagação, mas a ciência ainda não disse qual é a vacina ou o medicamento para virar o jogo. Nas redes sociais, a discussão em torno da cloroquina não deve ser vista como um nó. São pontos de vistas que devem ser analisados, sobretudo quando a meta é comum: a cura.
O Ministério da Saúde, que até então tinha posição irredutível sobre o tema, mudou o discurso e admite não haver problemas quando o medicamento é utilizado sob recomendação médica. Cabe ao profissional conhecer a situação de seu paciente e adotar a dose adequada. A questão pega quando se fala no uso indiscriminado, porque ainda não há provas materiais de eficiência em grande escala do medicamento.
Quem tem meios e acesso ao médico pode até fazer essa tentativa, pois tem pleno direito de fazê-lo. O problema é a massa que depende do Sistema Único de Saúde, cujo atendimento foge do viés pessoal nesse cenário de guerra que ocorre pelo mundo afora. Há casos e casos.
Outra discussão que passa pelas redes e que também dá espaço a diversos pontos de vista é o funcionamento do comércio. Os defensores da abertura entendem que, com devidos cuidados, é possível minimizar os danos, enquanto os defensores do isolamento total vão pelo caminho inverso, preferindo dar mais prazo para uma definição. Em Juiz de Fora – em princípio -, a data limite é 30 de abril, embora em vários pontos da cidade alguns comerciantes estejam com seus negócios em pleno funcionamento.