Sommeliers de vacina

Escolher a vacina é um desserviço ao próprio processo de imunização; é necessário considerar que todas são eficazes contra o coronavírus


Por Tribuna

08/07/2021 às 07h00

A busca da vacina ideal, que virou moda em algumas regiões, é um desserviço ao próprio processo de imunização, pois coloca em risco outras ações ora em curso no combate à pandemia. No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes avisou que, se essas táticas continuarem sendo adotadas, a repescagem vai acabar. E foi além: quem perder o dia será vacinado após crianças de 12 anos. Especialistas advertem que a vacinação não é idêntica à ida a um restaurante ou a uma degustação nas quais o cliente tem o direito de escolha. O modelo aleatório serve exatamente para evitar qualquer tipo de discriminação, pois o mais importante é o resultado.

A ciência ainda não definiu o período de validade dos atuais imunizantes, trabalhando, em princípio, com um prazo de dois anos, mas não haverá surpresa se, passada a primeira etapa, a vacina contra a Covid tenha a mesma performance do enfrentamento à gripe, isto é, passe a ser sazonal. De ano em ano – até que haja pleno controle da contaminação -, a população será chamada aos postos para se imunizar. E, nesse aspecto, o Brasil tem expertise comprovada, com infraestrutura capaz de atender a essa nova demanda.

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A retomada da normalidade, que já está em curso em alguns países, como a Inglaterra, mesmo ainda havendo riscos de contaminação, ainda está longe no país, mas é possível a retomada de várias ações desde que haja controle e bom senso. A despeito da vacinação, medidas de distanciamento e uso de máscara não impedem que a vida siga adiante. O importante, sim, é o envolvimento coletivo, a fim de garantir a eficácia desse novo normal.

O bom senso é uma necessidade para evitar, por exemplo, situações como a registrada pela polícia e pelas autoridades sanitárias no último fim de semana, quando um evento clandestino foi desmantelado na BR-040, com a participação de cerca de 400 pessoas. O próprio nome é um escárnio – “Aglomerasamba” -, indicando que os responsáveis sabiam das consequências e conheciam a inoportunidade da aglomeração.

A Câmara aprovou norma estabelecendo multa de até R$ 20 mil para tais infratores, por entender que só mexendo no bolso é que esses personagens entenderão os riscos de seus atos, mas é fundamental, acima de tudo, que se invista na educação coletiva. A população tem que se engajar nos processos de enfrentamento, tendo como ponto de partida o entendimento de todos estarem na mesma situação. O vírus, quando não enfrenta resistências de vacina ou de medidas profiláticas, não distingue o alvo, bastando ver as estatísticas. O Brasil já registra queda no número de mortes, mas ainda está longe do fim de túnel.

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