Os muitos desafios do transporte

Remodelação do sistema é um desafio, mas também uma necessidade, a fim de garantir qualidade para os usuários e equilíbrio financeiros para as empresas concessionárias
legislaturnadores


Por Tribuna

08/02/2023 às 07h00

O estudo ainda em andamento feito pela Fundação de Desenvolvimento de Pesquisa (Fadep), resultado de convênio entre a Prefeitura de Juiz de Fora e a Universidade Federal, para tratar da remodelação do sistema de transporte da cidade, é o ponto mais importante das discussões envolvendo a mobilidade urbana nos últimos anos. São muitos os desafios que perpassam anos e diversas gestões sem que haja um fato novo capaz de garantir qualidade para os usuários e viabilidade financeira para as empresas.

É fato ser uma discussão nacional, que traz o Congresso Nacional para o debate, já que o que ora ocorre em Juiz de Fora é apenas parte de um contexto nacional. Em algumas metrópoles como o Rio de Janeiro, o passageiro do transporte público enfrenta toda sorte de mazelas: faltam ônibus, não há segurança, atrasos frequentes e, para uma cidade de altas temperaturas, somente parte da frota tem ar condicionado.

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Juiz de Fora está longe disso, mas carece de mudanças que estão em curso desde 2021, quando decidiu-se tirar do usuário o ônus exclusivo de sustentação do sistema. Nas principais cidades do mundo, o transporte urbano tem o Estado como um dos principais financiadores, por não haver outra alternativa. Garantir o equilíbrio financeiro das empresas apenas com base nas passagens é um contrassenso. Ademais, há fatores que contribuem ainda mais para os problemas. Se pelo olhar social são uma necessidade, pelo viés econômico muitas gratuidades aumentam ainda mais o custo da passagem.

Por conta disso, cabe ao Congresso discutir, votar a aprovar um fundo capaz de financiar pelo menos a gratuidade. Na edição de ontem, o repórter Renato Salles aponta que em Juiz de Fora pelo menos 18 categorias gozam do benefício.

Pelos prazos acordados, o estudo deve ficar pronto ainda neste primeiro semestre, o que aumenta a expectativa em torno de seu conteúdo, sobretudo pela necessidade de adaptar o sistema de transporte aos novos tempos. Para tanto, além da adoção de tecnologia, é fundamental trazer a comunidade e os servidores do setor para a mesa de discussão uma vez que muitas mudanças, algumas delas já em fase de adoção, terão implicações diretas, sobretudo entre os trabalhadores.

Desde o ano passado está em pauta a substituição dos trocadores pelo sistema eletrônico. Houve entendimento de fazer a mudança gradativamente, garantindo o emprego dos atuais profissionais, mas são ações inexoráveis que já chegaram a outros setores. O sistema bancário foi um dos mais afetados a partir da informatização. As longas filas nos caixas foram substituídas em parte pelos caixas eletrônicos. Hoje são os aplicativos que facilitam a vida dos usuários.

O sistema de transporte tem uma vibe diferente, mas seu funcionamento passará, necessariamente, por adaptações que induzam mudanças no sistema. Por isso, envolver todos os personagens tornou-se uma necessidade dos novos tempos.

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